Imagem verdadeira com mensagem falsa em notícia real.
É este o mundo da desinformação em Portugal.
Em 2015, o Conselho Supremo da Ucrânia (parlamento)
aprovou, democraticamente, quatro leis de descomunização. As leis proíbem,
democraticamente, a promoção de líderes comunistas, actividades do KPU (Partido
Comunista da Ucrânia), que passou à clandestinidade, a exibição de símbolos
comunistas etc.
Democraticamente, os ultranacionalistas do Pravyy Sektor,
militarizados, homofóbicos, braço armado do Svoboda, fundado em 1991 como
Partido Social-Nacional da Ucrânia, assim designado como referência intencional
ao Partido Nazista (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães),
pode concorrer a eleições, armar milícias, dar treino militar a crianças. Há
quem ache isto normal, eu não.
Bem sei que é mais simpático não falar destas coisas. Não
é tempo de falar destas coisas. Em 2014, como prova este post,
eu já falava. Não vale a pena assobiar para o lado como se nada disto
existisse. Existe. Assim como existe, neste preciso momento, a segregação racial de refugiados que tentam sair da Ucrânia. Brancos primeiro, pretos depois.
A campanha de ódio em curso contra o PCP, de que sou
militante cada vez mais convicto, não me pode manter calado. É absolutamente
inaceitável que, com a complacência, promoção e desinformação da comunicação
social, se ande a alimentar um discurso de ódio ao PCP com consequências
inimagináveis.
O PCP não acordou agora para o conflito na Ucrânia. Não
chega dizer que Putin é um autocrata, que a guerra não é solução, que estamos
contra este conflito desde o início? Até o Partido Comunista da Federação Russa,
que já se opôs à invasão da Ucrânia, está desde há muito na oposição à Rússia
Unida de Vladimir Putin. Não percebem a diferença?
José Gomes Ferreira na SIC e notas de rodapé na CNN dão conta das sanções à economia soviética, como se a União Soviética ainda existisse. Tudo isto é desinformação e deturpação de factos que levam a coisas como a que se observou na recente manifestação pela paz: uma banca da OIT vandalizada porque estavam a distribuir panfletos contra a guerra; cartazes associando o símbolo comunista à invasão, como se os comunistas tivessem alguma coisa que ver com os desmandos de Putin.
Esperam o quê do PCP? Que digamos que a invasão do Iraque
foi um óptimo exemplo para o mundo? Que embarquemos em visões unilaterais da política internacional? Todas as invasões são condenáveis, a invasão da Ucrânia não é excepção.
Não pretendam impedir-nos de pensar o mundo para lá dos eventos isolados, como
se não existissem causas por detrás dos efeitos.
A Guerra Civil no leste da Ucrânia, onde a população é
maioritariamente russa, começou em 2014. Não foi há 3, nem 4 dias. Onde andavam
os pacifistas de agora? O que disseram sobre essa guerra que fez mais de 13000
mortos, 30000 feridos, 1 milhão e 500 mil deslocados?
Não vale a pena insistirem na ideia ignóbil de que ao
dizer isto os comunistas estão a atenuar ou a justificar a invasão russa. Isso é não querer
ver, algo que, em 2014, já era previsível contra a indiferença geral.
Todos nós, que estamos contra a guerra, devemos ser frios nas análises que fazemos. Mais do que nunca impõe-se essa frieza, contra um extremar insanável de posições com consequências ainda mais catastróficas para a humanidade.
A solução não é a guerra, é a paz e a cooperação.
Sem comentários:
Enviar um comentário