segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

A UNIÃO SOVIÉTICA ACABOU EM 1991


 Imagem verdadeira com mensagem falsa em notícia real.
É este o mundo da desinformação em Portugal.

Em 2015, o Conselho Supremo da Ucrânia (parlamento) aprovou, democraticamente, quatro leis de descomunização. As leis proíbem, democraticamente, a promoção de líderes comunistas, actividades do KPU (Partido Comunista da Ucrânia), que passou à clandestinidade, a exibição de símbolos comunistas etc.

Democraticamente, os ultranacionalistas do Pravyy Sektor, militarizados, homofóbicos, braço armado do Svoboda, fundado em 1991 como Partido Social-Nacional da Ucrânia, assim designado como referência intencional ao Partido Nazista (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães), pode concorrer a eleições, armar milícias, dar treino militar a crianças. Há quem ache isto normal, eu não.

Bem sei que é mais simpático não falar destas coisas. Não é tempo de falar destas coisas. Em 2014, como prova este post, eu já falava. Não vale a pena assobiar para o lado como se nada disto existisse. Existe. Assim como existe, neste preciso momento, a segregação racial de refugiados que tentam sair da Ucrânia. Brancos primeiro, pretos depois. 


A campanha de ódio em curso contra o PCP, de que sou militante cada vez mais convicto, não me pode manter calado. É absolutamente inaceitável que, com a complacência, promoção e desinformação da comunicação social, se ande a alimentar um discurso de ódio ao PCP com consequências inimagináveis.

O PCP não acordou agora para o conflito na Ucrânia. Não chega dizer que Putin é um autocrata, que a guerra não é solução, que estamos contra este conflito desde o início? Até o Partido Comunista da Federação Russa, que já se opôs à invasão da Ucrânia, está desde há muito na oposição à Rússia Unida de Vladimir Putin. Não percebem a diferença?

José Gomes Ferreira na SIC e notas de rodapé na CNN dão conta das sanções à economia soviética, como se a União Soviética ainda existisse. Tudo isto é desinformação e deturpação de factos que levam a coisas como a que se observou na recente manifestação pela paz: uma banca da OIT vandalizada porque estavam a distribuir panfletos contra a guerra; cartazes associando o símbolo comunista à invasão, como se os comunistas tivessem alguma coisa que ver com os desmandos de Putin.

Esperam o quê do PCP? Que digamos que a invasão do Iraque foi um óptimo exemplo para o mundo? Que embarquemos em visões unilaterais da política internacional? Todas as invasões são condenáveis, a invasão da Ucrânia não é excepção. Não pretendam impedir-nos de pensar o mundo para lá dos eventos isolados, como se não existissem causas por detrás dos efeitos.

A Guerra Civil no leste da Ucrânia, onde a população é maioritariamente russa, começou em 2014. Não foi há 3, nem 4 dias. Onde andavam os pacifistas de agora? O que disseram sobre essa guerra que fez mais de 13000 mortos, 30000 feridos, 1 milhão e 500 mil deslocados?

Não vale a pena insistirem na ideia ignóbil de que ao dizer isto os comunistas estão a atenuar ou a justificar a invasão russa. Isso é não querer ver, algo que, em 2014, já era previsível contra a indiferença geral.

Todos nós, que estamos contra a guerra, devemos ser frios nas análises que fazemos. Mais do que nunca impõe-se essa frieza, contra um extremar insanável de posições com consequências ainda mais catastróficas para a humanidade.

A solução não é a guerra, é a paz e a cooperação.

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