terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

MALDITOS CIGANOS

Esta noite sonhei que os russos tinham invadido a Ucrânia. A seca extrema em África, empurrara povos de todo o continente para o Mediterrâneo. Apoiados por chineses, os migrantes haviam construído uma ponte que ligava Trípoli a Lampedusa. Corriam diversas teorias da conspiração acerca do filantropismo chinês, aquilo é gente que não faz nada sem segundas intenções. Os EUA estavam em guerra civil, porque o sul queria invadir a Coreia e o Norte preferia atacar a China. Na Austrália vivia-se bem, à excepção dos aborígenes. Restavam meia dúzia em jardins zoológicos. A Europa estava numa confusão desde que a língua alemã fora decretada única língua oficial europeia. Passáramos da moeda única para a língua única. Os franceses, incapazes de aprender a falar alemão, reclamavam muito mas ninguém os percebia nem levava a sério. Exprimiram-se num francês nativo inadmissível em documentos oficiais. No Brasil, dançava-se samba e jogava-se à bola. Era a vitória absoluta do conservadorismo contra as teses progressistas do candomblé. Diziam os analistas. Eu andava muito ansioso por saber coisas, mas a internet fora atacada por hackers ao serviço da Vodafone e nas televisões só se falava das demissões no Chega, das declarações dos deputados do Chega, das detenções e acusações e condenações dos vereadores do Chega. E, obviamente, da culpa dos ciganos nisto tudo, que se já tivessem desaparecido do planeta nunca teriam dado azo ao surgimento do Chega.

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