«Que fazer? RESSUSCITAR UM MORTO!», gritaram três
surrealistas portugueses — andamos sempre metidos em trios — em «A Afixação
Proibida». Encostados aos tapumes da obra parada, o quarteto de excelência —
hélas! — prepara-se para mais um ensaio de “Na Cama com Ofélia”. Da esquerda
para a direita, Fábio Costa, Ricardo Soares, Marta Taveira e António Parra.
Eles são três em um, ela é uma em três. Sonhadora, sonâmbula, vidente, Ofélia é
o corpo feminino no qual e à volta do qual tudo acontece. Em estado crepuscular
do princípio ao fim da peça, habita as zonas cinzentas que são, em regra, as de
quem idealiza e, por idealizar, se entrega a utopias inconcretizáveis. Ter o
Nininho por perto, por exemplo, para com ele poder constituir família. Dele, o
que sobram são cartas, letras, palavras e três criaturas brotando debaixo da
cama como projecções de um sonho. As cartas trocadas entre Pessoa e Ofélia são
o texto base a partir do qual a ficção descola e a bricolagem ganha forma, numa
paródia com alusões e referências diversas. Também Ofélia, envelhecida, pretende
ressuscitar um morto, mas o bruxedo sai-lhe torto. Mais não dizemos. Estreia
dia 17 de Fevereiro, com encenação de Fernando Mora Ramos.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022
QUARTETO DE LUXO
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