Desta oficina pretende-se que seja um
lugar de práticas de leitura e um laboratório de exploração de conceitos
literários, tomando o livro enquanto ferramenta e adoptando o texto como
material moldável. O que é uma narrativa? A extensão importa? Faz sentido falar
de micronarrativa? De onde vem tal conceito? Como surgiu? Poderá o poema ser
narrativo? E um aforismo? As fábulas de Esopo eram micronarrativas? E as
histórias das “Mil e uma Noites”? Qual a relação entre a tradição oral e o
texto escrito no domínio do conto? O que distingue uma fábula de uma lenda? Há
alguma diferença entre poema em prosa e conto? Estas serão algumas das questões
a que dedicaremos atenção, partindo não apenas do que acerca desta matéria tem
sido produzido em contexto académico, mas, antes de mais, dos próprios textos e
seus respectivos autores. Deste modo, como escapar às fábulas de Ambrose Bierce
ou às “greguerías” de Ramón Gómez de la Serna? Jorge Luis Borges, mestre da
prosa curta, será pela certa companhia frequente. Assim como o nonsense de
Daniil Kharms, as histórias para onze minutos de István Örkény, os cronópios e
as famas de Julio Cortázar, as tisanas de Ana Hatherly, o minimalismo de
Raymond Carver, os impressionantes arquivos de factos coleccionados por Eduardo
Galeano. Atribui-se a Augusto Monterroso a invenção da micronarrativa com a
publicação, em 1959, do conto “O Dinossauro”: «Quando acordou, o dinossauro
ainda estava lá.» E depois? Depois temos o Sr. Keuner de Bertolt Brecht e o gin
tónico de Mário-Henrique Leiria, os dramatículos de Beckett mais as corruíras
nanicas do Prémio Camões Dalton Trevisan, o poema em prosa de Russell Edson e
os aforismos de Karl Kraus, as falsificações de Marco Denevi e a prosa
diarística de Ivone Mendes da Silva. E temos surpresas, julgamos, coisas por cá
inéditas. E provocações, claro, que o pensamento não carbura se não for
afrontado. Tomem lá do Kafka:
Mais informações: aqui.
«Uma gaiola partiu à procura de um
pássaro».
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