"Bajazeto
e a revolução" é o título de um projecto de Jorge de Sena para teatro que
nunca chegou a ser concluído, ao que parece com a intenção de satirizar
"as circunstâncias de um abortado golpe de Estado em que participara"
(palavras de Mécia de Sena). Estávamos em 1959, o título da peça projectada
glosa o "Bajazet", de Racine, que de Sena teria ido ver na noite do
golpe para "despistar as desconfianças". Do pouco que sobrou desse
esboço, há a referência a um cartaz que diria assim:
GRANDE
CIRCO IMPERIAL LUSO
Leões,
Navegações, Naufrágios e Conquistas. Mártires e Heróis, todos os dias. A
descoberta do caminho marítimo para a Índia, com o Infante D. Henrique e Camões
nas caravelas, ao domingo. São Francisco Xavier, às quintas. Aljubarrota, à
sexta, em matinée infantil. Palhaços, equilibristas, domadores, trapezistas.
Voos à Gago Coutinho. O grande sketch, ao sábado, por toda a companhia: Oito
Séculos e meio de História Universal, com grande figuração de negros, mouros, e
indianos autênticos. Nu artístico por indígenas do Brasil (em sessão reservada
aos homens e a mulheres casadas acompanhadas pelos maridos). Orquestra
sinfónica, coros e bailarinas(os) do Estado Português, sob a regência de vários
maestros de categoria internacional. Hinos patrióticos e funções folclóricas.
Uma Pátria em Armas exposta aos olhos do Futuro.
A
ilustração é de Hippolyte Louis Emile Pauquet (1797-1871).
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