Um apoiante de Bolsonaro esfaqueou até à morte um
apoiante de Lula, no mais recente caso de crescentes tensões políticas na
preparação para as eleições deste ano. A violência aconteceu no estado de Mato
Grosso durante uma discussão sobre o apoio aos dois candidatos. Bolsonaro está
atrás de Lula nas sondagens, numa disputa marcada por extrema polarização. De
acordo com o boletim de ocorrência da agressão, Rafael Silva de Oliveira, 24
anos, matou Benedito Cardoso dos Santos, 42, esfaqueando-o com uma faca. O suspeito
confessou o crime e foi detido. Presumo que para os apoiantes de Bolsonaro este
episódio venha dar razão à intenção de ampliar o acesso a armas no Brasil. Se o
apoiante de Lula estivesse armado, podia ter-se defendido disparando sobre o
apoiante de Bolsonaro. O Messias não falha, o Messias não erra, o Messias é o
maior. Em nome do Pai, dos filhos dele, belos rapazes, e do Espírito Santo que
anda a comprar imóveis (51?) em dinheiro vivo. Ah, valentes.
9 comentários:
Não voto mais. Se votasse, estaria entre a cruz e a caldeirinha. O sapo bêbado ou o psicopata aloprado? O que será de nós, brasileiros? Oremos!
Por favor, não existe extrema polarização. Isto é uma balela inventada pela tal de "terceira via" (como Ciro Gomes, que nunca chegará a 10% e o juizeco Moro, que foi quem tirou Lula do pleito há quatro anos). O que existe é o fascismo escancarado e a resistência a ele. Mas você não vê apoiadores de Lula esfaqueando bolsonaristas. E não verá fake news na campanha de Lula, algo de que bolsonaro necessita para enganar os trouxas e se eleger
Evandro, publiquei o comentário porque ele acaba por dar prova do que o Evandro desmentia. Polarização é isto.
Henrique, pode ter certeza de que eu sabia que você iria fazer esse comentário. Não, meu caro, polarização NÃO é isto, você apenas optou pelo caminho mais fácil, para além de desconhecer a realidade política brasileira.
Para todos os efeitos, em respeito a você, apaguei o comentário que eu tinha feito para a analfabeta política.
Henrique: ontem, no Pará, um bolsonarista jogou seu carro contra o carro de uma política do PT. Perseguido pela polícia, acabou se enrolando, bateu com seu veículo e morreu.
Você com certeza teve acesso à notícia do petista Marcelo Arruda, assassinado em sua própria festa de aniversário por um bolsonarista simplesmente porque em sua festa havia itens decorativos alusivos ao Lula e ao PT.
Eu poderia citar muitos outros casos, de perseguições, intimidações, calúnias, fake news. Acaso você acompanha o que tem acontecido com a jornalista Vera Magalhães?
Então, para provar de que há, sim, polarização, forneça aos leitores de seu blog exemplos de ações minimamente semelhantes a essas que citei (e a do esfaqueamento que você citou em sua postagem) cometidas contra bolsonaristas. Estou no aguardo
Ou você vai pegar a resposta raivosa que dei àquela senhora e EQUIPARÁ-LA A TODAS ESSAS AÇÕES? É isso que pretende fazer?
Como se diz aqui no Brasil: menos, Henrique, menos
Evandro, o que por aqui entendemos por polarização é o extremar de posições que inviabiliza discursos serenos e alternativos. Podemos defender um dos extremos sem transformar o extremo oposto num inimigo, admitindo que entre um e outro há nuances. É como os debates sobre a guerra na Ucrânia. O discurso polarizou-se a ponto de não se admitir que se pode estar contra a invasão russa sem apreciar minimamente o regime ucraniano, tal como era possível estar-se contra a invasão do Iraque sem estar do lado de Saddam. Aí estão mais sinais de polarização:
1. “você apenas optou pelo caminho mais fácil, para além de desconhecer a realidade política brasileira”. É exactamente o mesmo que ouço aos bolsonaristas que vivem em Portugal, exactamente o mesmo tipo de contrargumentação sempre que faço alguma crítica às trafulhices mais que evidentes do actual presidente do Brasil e da família que o suporta.
2. a polarização não se verifica apenas pela lei de talião. Qualquer bolsonarista que discuta consigo vai atirar-lhe à cara exemplos localizados de acções semelhantes. É isso que fazem nas redes sociais, com vídeos no Instagram, grupos do Whatsup, tretas congéneres. Eu tendo a não dar qualquer relevância a isso porque toda essa discussão surge enviesada pelo facciosismo e por uma total e absoluta ausência de verificação dos factos. Pura propaganda, como a que agora se faz no contexto da guerra na Europa. A polarização resulta precisamente nisto: passamos a vida a discutir casos, vídeos cuja origem e veracidade desconhecemos, deixamos de discutir políticas. É o tipo de rivalidade clubística e futebolística que em nada beneficia a reflexão e o debate político. Bolsonaro é mestre nesse tipo de táctica que, infelizmente, acaba por ser adoptada por muita gente que não consegue fazer-lhe frente senão partindo para o insulto gratuito. Não nos esqueçamos que Bolsonaro chegou ao poder muito impulsionado por este tipo de táctica, desde logo depois de ele próprio haver sido esfaqueado…
Eu, que odeio Bolsonaro e o que ele representa, compreendo os argumentos de muita gente que se sente traída por Lula e pelo PT. O próprio Lula admitiu corrupção na Petrobras nos governos do PT. Sei de gente que andou a colar cartazes por ele que se sente hoje profundamente traída, não creio que seja por adorarem Bolsonaro.
Repito que não existe polarização e ainda estou à espera das provas. Provas de que eleitores e simpatizantes do Lula ajam como os vermes. (Ôpa, chamar de "verme" é polarização?)
Agora, você sugere que não tomemos o fascismo como inimigo?? É isso? Como já se disse, o fascismo não se discute, o fascismo se destrói.
Imagine agora a força e a coragem daqueles que lutaram contra o Salazar tendo que ouvir "Ai, ai, ai, os dois lados estão errados!..."
Seria até cômico
Não se prova que a terra é redonda a quem está convencido de que ela é plana. A polarização foi evidente, desde logo, no modo como o Evandro reagiu ao comentário da Sónia. Se não reconhece isso, como posso eu provar o que quer que seja? Os eleitores e simpatizantes de Lula não são santos. O que eu sugiro é que não se beatifique uns por se diabolizarem os outros. O ser humano é ambíguo, a política ambivalente, as dicotomias não levam a lado nenhum e as terceiras vias também não. Portanto, julgo ser possível as pessoas debaterem ideias pelas ideias, sem necessidade de se insultarem. Esse é o jogo de Bolsonaro. Não podemos criticá-lo copiando-o. Outro chavão sem sentido: «o fascismo não se discute, o fascismo se destrói». Pois muito bem que se destrói. Mas como sem discuti-lo? Veja-se o que está a acontecer na Europa. Rússia quer desnazificar Ucrânia recorrendo a grupos neonazis, Ucrânia diz que não há neonazismo no país institucionalizando grupos que há um ano apareciam nas páginas do mundo por andarem a treinar militarmente milícias chegadas de todo o lado, incluindo Brasil. Temos assim que chamam todos fascistas a todos. É preciso saber o que é o fascismo, nomeadamente hoje, para o combater com inteligência. Não se combate o fascismo com comportamentos fascistas. A situação no tempo de Salazar era muito mais clara, não havia eleições, a censura era objectiva e parte da oposição ao regime estava proibida de existir. Não é o que se passa no Brasil. A oposição ao regime existe, vai a eleições e há pouco tempo esteve no poder, desiludindo muitos que estiveram do seu lado deixando-se enredar em esquemas de corrupção que o próprio Lula já reconheceu. Dizê-lo não diminui em absolutamente nada o combate que deve ser feito a Bolsonaro e ao que ele representa, antes pelo contrário, demonstraria uma lucidez e uma capacidade de autocrítica que seria benéfica junto de uma opinião pública extremamente dividida (é isto que significa polarizado).
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