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— Conhece aquela história de um sábio chinês que um dia
pensou assim: «Se eu cortar esta bengala ao meio, e nos dias a seguir fizer a
mesma coisa com uma das metades, nunca mais acabo. E assim torno-me imortal».
— Não conhecia essa versão.
— Contou-ma um indiano.
— Yoga, místico?
— Não. Comerciante, natural de Moçambique. Um mestre da
divisão. Era capaz de dividir um frango por trinta e seis pratos, uma raiz de
gengibre em oitocentos e sessenta pedacinhos. Sem se cortar.
— Bom, já faliu, ou mudou de ramo?
— Muito pior. Agora anda a juntar os pedacinhos da bengala,
se assim se lhe pode chamar, porque julga que poderia compreender melhor o
sentido da parábola se conseguisse recuperá-la.
Dimíter Ánguelov, in Trinta Contos Até ao Fim da Vida,
&etc, Dezembro de 1998, p. 45.
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