Muitas vezes, ponho-me a pensar nos eremitas de Tebaida, que cavavam uma sepultura para aí derramar lágrimas dia e noite. Quando lhes perguntaram a razão da sua aflição, responderam que choravam a sua alma.
No vazio do deserto, o túmulo é um oásis, um lugar e um suporte. Cavamos o nosso buraco para ter um ponto fixo no espaço. E morremos para não nos perdermos.
Emil Cioran, Lágrimas e Santos, tradução de Cristina Fernandes, Edições 70, Novembro de 2022, pp. 86-87.
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