Penso nas pedras, no que perdura para lá de um tempo que
dizemos nosso. O corpo leva-nos cicatrizes, ossos desfeitos em pó. As pedras
permanecem sob nuvens passageiras, tempestades efémeras, a brevidade
conserva-as. Podem derruir como castelos antigos, afundar-se nas crostas do
Inferno que, de quando em vez, se abate sobre os homens como um temporal. O
tempo de vida das pedras é infinitamente superior ao tempo de vida de cada um
de nós. De mim, de ti, das palavras que, não fossem as pedras, jamais teriam
sido pensadas. E no entanto também as pedras se esvaem em sangue, também elas
se esgotam e perecem, adormecendo num tempo que foi seu e não volta a ser por
mais que o procuremos e persigamos.
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