CENA
8
— Mas você não empurra.
— Está a reter a sua criança, senhora.
— Está com medo.
— Ela retém a criança.
— Não tem que ter medo.
Mas eu não tenho medo.
A criança quer sair.
Eu quero que ele saia.
— Você pode gritar não tenha medo de gritar pode gritar.
— Ajude-nos, senhora.
Ajudem-me vocês.
— Nós não fazemos isso.
— Não está relaxada.
— Não relaxa.
— Não tenha medo de gritar.
— Mas ela grita o suficiente.
Eu quero que ele saia.
Mas está a retê-lo.
Eu quero que ele saia.
— Não o retenha.
— Está cansada.
— Mas a criança não sai.
— Ela retém a criança
— Não a retenha mais, senhora.
Eu quero que ele saia.
— A criança vai sair, senhora.
— Empurre.
— Faça-a sair.
— Você não a quer trazer para fora.
— Empurre.
— Não grite mais mas empurre.
Eu empurro.
— Respire.
— A criança vem a caminho mas você está a retê-la.
— Porque não sai?
— Ela está a retê-la.
— Onde está o pai?
— Não há pai, nunca houve.
— Havia um homem.
— Não era o pai.
— Era um homem.
— Não retenha mais a sua criança, senhora.
Eu quero que ele saia.
— Está a reter a sua criança.
— Não pode continuar a guardá-lo no interior.
Não vou guardá-la no interior.
Então empurre.
Receio que não queira sair.
É você que o está a reter.
Sinto que ele está com medo.
É você quem está com medo.
Temos que acabar com isto agora.
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