domingo, 12 de maio de 2024

UNHAS DE GEL

 
Habitações, escolas, hospitais em ruínas. Sob as ruínas, o cheiro putrefacto dos corpos em decomposição. As bombas não cessam de cair, esventrando mulheres, estropiando velhos, esmagando crianças. Aos milhares. Há relatos de fome, de gente enterrada vida, outros a matarem a sede com água do mar, relatos de tortura, de perseguições, destruição massiva de instalações da Organização das Nações Unidas, jornalistas silenciados, à bala ou à censura, prisões e detenções administrativas, aos milhares, aos milhares. Por cá, celebram-se as unhas da Iolanda. Um statement. E os apelos à paz. E espantam-se pardais com o televoto português, que deu pontuação máxima a Israel. Continuemos a tratar o caso com unhas de gel e outfits. Posição, era não ter cantado. Ficar em silêncio no palco. E mandar aquilo tudo à merda. O resto é só mais um número, espectáculo tão ridículo, boçal e degradante quanto o da Catarina Furtado a cortar uma madeixa de cabelo em solidariedade para com as mulheres iranianas.

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