quinta-feira, 24 de outubro de 2024

50 X 4

 


"Communiqué": Dire Straits
 
Agora que toda a gente é fã de Marco Paulo já posso revelar que fui fã dos Dire Straits e que ainda hoje escuto com bastante agrado os dois primeiros álbuns da banda, assim como o duplo ao vivo “Alchemy”. No dia 16 de Maio de 1992 também fui muito feliz quando os vi e ouvi no velhinho Estádio de Alvalade, numa altura em que finalmente começavam a ser frequentes os concertos de estádio em Portugal (com a vantagem de ainda não haver smartphones). “Communiqué” (1979) é, talvez, o meu disco preferido da banda, tem uma toada intimista que me agrada e malhas de guitarra que ora me remetem para sonoridades de proveniência diversa e aparentemente inconciliáveis (da country ao reggae), ora me enviam para a obra de alguns dos maiores guitarristas de jazz (Jim Hall, Pat Metheney). Tudo muito limpo, sem distorções, para irritar os “puristas da ruína” que adoram os hinos a nossa senhora do Marco Paulo. Isto, de facto, anda tudo maluco, mas a mim não enganam. Ah não, a mim não enganam. Prefiro os originais românticos dos Dire Straits às covers boçais do dois amores e da Anita e do raio que o parta. Fiquem lá com os vossos bailaricos manhosos e a grande voz do Sinatra português (porra, só mesmo quem nunca ouviu ou desconhece por completo Sinatra pode compará-lo com o maravilhoso coração), que eu entretenho-me com os sultões do swing. E sem ironias nem cinismo, tenham misericórdia. Que passe rápido o luto nacional é o meu mais sincero desejo antes que o bom gosto também vos vá parar ao Panteão.

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