sábado, 16 de novembro de 2024

50 X 10

 


“Alice”, Bernardo Sassetti.
 
O jazz português anda nas primeiras páginas pelas piores razões. Ou talvez não. É bom falar-se nestas coisas, não deixar a podridão no silêncio amargurado das vítimas. Quem esteja familiarizado com a história do jazz sabe que não é mundo para meninos. Prostituição, tráfico de droga, toxicodependência, violência, máfia, abusos, violações, prisões, crimes vários compõem o ramalhete. Os tempos são outros, dizem. É verdade, mas os vícios humanos são os mesmos. Que venham à tona as trafulhices, os assédios, as injustiças, a invídia, a lascívia e a luxúria e demais pecados mortais, é bem de que não podemos prescindir. Eu gosto de jazz. Do passado e do presente. A música é superior aos homens que a compõem, ainda que, por vezes, entre ambos haja uma espécie de confusão. Não conheci Bernardo Sassetti, não sei se era boa ou má pessoa. Desconfio que, como todas as pessoas, teria os seus vícios e as suas virtudes. E é nestas que a música repercute. Habituei-me a gostar de jazz português a ouvi-lo, a ele e ao Carlos Barreto, ao Alexandre Frazão (excelente trio), ao Mário Delgado, ao Bica, entre outros. Aí fica em primeiro plano “Alice”, banda sonora exemplar para o comovente filme de Marco Martins. Curiosamente, o protagonista do filme também foi há tempos acusado de violação. Não sei como ficou essa história, sei que vivemos num mundo sórdido e a música não tem culpa nenhuma disso. O cinema também não.

2 comentários:

Transhümantes disse...

Essas notícias não têm nada a ver com jazz. É verdade que o meio jazzístico sempre esteve associado a comportamentos pouco ortodoxos, mas foi isso que fez do jazz a música que ele é. O fado também tem o seu lado sombrio e "sujo". O que essas notícias estão a querer dizer é precisamente aquilo que ocultam: nas empresas de comunicação, televisão, jornais, e no mundo do espetáculo em geral, como o cinema, a moda e a música, quem quer entrar já sabe pelo que tem de passar.

Na SIC, e presumo que noutras televisões, as estagiárias e os estagiários sabiam que podiam lá ficar ou "subir", se se colocassem na horizontal, de gatas ou de costas. Qualquer acrobacia sexual dava chance a uma promoção.O Balsemão, o porco sujo da comunicação social em portugal, sempre escolheu para os cargos de poder as pessoas com menos escrúpulos e os maiores lambe-botas. Ai! Não devia dizer estas coisas, mas é que me dá nojo toda esta palhaçada mediática... Está demasiado fodido para se falar de responsabilidade e moral.

Abraço.

hmbf disse...

Isso.