“Harvest”: Neil Young
Quem também já não vai para novo é Neil Young, para o ano
completará 80. Queira Deus que lá chegue, se estiver bem de saúde. A par de Bob
Dylan, foi a minha principal referência quando aprendi a dar uns toques na
guitarra. Curiosamente, há no “Weld” (1991), disco ao vivo com os Crazy Horse,
uma versão extraordinária de “Blowin’ in The Wind”. Talvez tenha sido a segunda
canção que aprendi a tocar. É possível. Vi o Neil Young em Vilar de Mouros no
ano de 2001, estava de chuva e ele não aqueceu nem arrefeceu. Mas valeu pela
oportunidade. Ouço-o desde que me veio parar às mãos “Déjà Vu” (1970), dos
Crosby, Stills, Nash & Young. Apaixonei-me pela fragilidade vocal em “Helpless”.
Depois comprei o “Harvest” (1972) e nunca mais o larguei. Ainda o procurei nos
trabalhos iniciáticos com os Buffalo Springfield, onde fui descobrir canções
excepcionais tais como “Broken Arrow” ou “Expecting to Fly”. Não admira que a
malta do grunge o tenha recuperado na década de 1990, a guitarra distorcida de Neil
Young tem uma dimensão política que é ao mesmo tempo catártica. Aqueles solos
longuíssimos e algo repetitivos podem não estar na moda, mas ainda conseguem abanar
capacetes. Das canções em toada acústica de estilo folk ao rock electrificado
desabrido, passando pela country mais conservadora de “Old Ways” (1985), há
muito por onde escolher. Um tipo não tem de ser sempre genial, basta-lhe
alcançar alguns momentos de génio. E Neil Young tem vários. Ouçam “Like a
Hurricane”, “Old Man”, “Oh, Lonesome Me”, “Rockin’ In a Free World”, etc, etc,
etc… e digam se não é verdade. Eu vou-me com esta: «To give a love, you gotta
live a love / To live a love, you gotta be part of».
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