terça-feira, 31 de dezembro de 2024

50 X 19

 


“Harvest”: Neil Young
 
Quem também já não vai para novo é Neil Young, para o ano completará 80. Queira Deus que lá chegue, se estiver bem de saúde. A par de Bob Dylan, foi a minha principal referência quando aprendi a dar uns toques na guitarra. Curiosamente, há no “Weld” (1991), disco ao vivo com os Crazy Horse, uma versão extraordinária de “Blowin’ in The Wind”. Talvez tenha sido a segunda canção que aprendi a tocar. É possível. Vi o Neil Young em Vilar de Mouros no ano de 2001, estava de chuva e ele não aqueceu nem arrefeceu. Mas valeu pela oportunidade. Ouço-o desde que me veio parar às mãos “Déjà Vu” (1970), dos Crosby, Stills, Nash & Young. Apaixonei-me pela fragilidade vocal em “Helpless”. Depois comprei o “Harvest” (1972) e nunca mais o larguei. Ainda o procurei nos trabalhos iniciáticos com os Buffalo Springfield, onde fui descobrir canções excepcionais tais como “Broken Arrow” ou “Expecting to Fly”. Não admira que a malta do grunge o tenha recuperado na década de 1990, a guitarra distorcida de Neil Young tem uma dimensão política que é ao mesmo tempo catártica. Aqueles solos longuíssimos e algo repetitivos podem não estar na moda, mas ainda conseguem abanar capacetes. Das canções em toada acústica de estilo folk ao rock electrificado desabrido, passando pela country mais conservadora de “Old Ways” (1985), há muito por onde escolher. Um tipo não tem de ser sempre genial, basta-lhe alcançar alguns momentos de génio. E Neil Young tem vários. Ouçam “Like a Hurricane”, “Old Man”, “Oh, Lonesome Me”, “Rockin’ In a Free World”, etc, etc, etc… e digam se não é verdade. Eu vou-me com esta: «To give a love, you gotta live a love / To live a love, you gotta be part of».

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