segunda-feira, 2 de junho de 2025

UM POEMA DE CARLOS L. P. BESSA

 


RUÍNAS, CATÁLISE
 
Cada época tem os seus heróis, os seus sucessos
de bilheteira. Tanto tráfico e mentira.
Piratas e aristocratas, ladrões e servidores.
 
Para alguns é sempre fácil o xarope da distribuição.
Para a maioria, o desejo de obedecer e cumprir.
Assistir a toda esta loucura como quem lê livro velho
e percebe que, de novo, apenas a decoração, os sons
e os tiques. Podem chamar-lhe política,
a arte de conduzir. Lama e sobressaltos.
 
Mas o sórdido é, por instantes, o mais belo sítio,
com toda a sua filigrana de corsos e mendigos.
E lá vamos nós eufóricos pelos museus, pela fotografia.
 
De “Alfenim e Perrixil”, in “Livros Reunidos”, Edições Tinta-da-China, Março de 2024, p. 469.

Sem comentários: