Parece que Ventura
voltou a ser entrevistado ontem num canal de televisão, pela centésima
octogésima sétima vez. Aposto que não lhe perguntaram se voltou a ter algum
refluxo gastroesofágico depois da última campanha eleitoral. Entretanto,
enquanto a televisão lhe oferecia mais minutos de propaganda a disseminar
mentiras e aldrabices, no Público poucos terão lido isto:
"Os dados do
Instituto do Registo e Notariado (IRN) mostram que, afinal, só 20% dos cerca de
meio milhão de processos pendentes corresponde a pedidos de nacionalidade de
imigrantes, ou seja, feitos por estrangeiros residentes em Portugal.
Os dados que estão
publicados num artigo divulgado no site do IRN mostram também que a maior
pendência é atribuível aos pedidos de nacionalidade apresentados por judeus
sefarditas, que pesam um terço no total dos processos em análise, e que
constituem, se alargarmos a análise aos anos anteriores, à maior fatia dos
pedidos. Nos dados disponibilizados pelo IRN refere-se ainda que quase outro
terço (27%) diz respeito a filhos e netos de portugueses nascidos no
estrangeiro. Estes números contrariam as declarações do ministro da
Presidência, António Leitão Amaro, no debate parlamentar em que afirmou que só
15% das pendências diziam a pedidos de nacionalidade originária no estrangeiro,
descendentes de portugueses.
Na realidade, em
conjunto, sefarditas e descendentes de portugueses são responsáveis por 60% das
pendências. Os outros 20% são de pedidos de aquisição de nacionalidade pelo
casamento ou união de facto com um português (14%) e de aquisição por filhos
menores ou incapazes de pai ou mãe que adquiriram a nacionalidade portuguesa
(6%), mas nenhum destes casos se pode somar aos dos imigrantes porque estes
cidadãos podem não morar em Portugal. (...) Como o PÚBLICO noticiou esta
quarta-feira, feitas as contas, em termos de média mensal de 12 meses de 2024,
e de seis meses de 2025, o número de pedidos baixou 12,5% (de 18.374 para
15.376 processos entrados em média). Estes valores, publicados no site do IRN
neste sábado, têm como base os pedidos totais em 2024 e de seis meses em 2025.
(...) Ainda de acordo com dados do IRN, entre 2020 e 2025 entraram mais de
1,543 milhões de pedidos de nacionalidade portuguesa: 64% são pedidos de
atribuição ao abrigo do artigo 1.º da Lei da Nacionalidade, que inclui também
os filhos e netos nascidos no estrangeiro, e que não vivem em Portugal, os
filhos de portugueses nascidos em Portugal e filhos dos imigrantes a residir em
Portugal."
Dito isto,
concluímos que as televisões portuguesas, transformadas em caixas de
ressonância do populismo mentiroso do Chega, com sucessivas entrevistas ao
grande líder e horas a fio de propaganda nos comentários de ritas e frazões e
santanas, se colocam ao nível da Folha Nacional e das redes sociais em matéria
de informação. Credibilidade? Zero.
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