sexta-feira, 11 de julho de 2025

AS TELEVISÕES ENQUANTO PROMOÇÃO DA MENTIRA

Parece que Ventura voltou a ser entrevistado ontem num canal de televisão, pela centésima octogésima sétima vez. Aposto que não lhe perguntaram se voltou a ter algum refluxo gastroesofágico depois da última campanha eleitoral. Entretanto, enquanto a televisão lhe oferecia mais minutos de propaganda a disseminar mentiras e aldrabices, no Público poucos terão lido isto:

"Os dados do Instituto do Registo e Notariado (IRN) mostram que, afinal, só 20% dos cerca de meio milhão de processos pendentes corresponde a pedidos de nacionalidade de imigrantes, ou seja, feitos por estrangeiros residentes em Portugal.
Os dados que estão publicados num artigo divulgado no site do IRN mostram também que a maior pendência é atribuível aos pedidos de nacionalidade apresentados por judeus sefarditas, que pesam um terço no total dos processos em análise, e que constituem, se alargarmos a análise aos anos anteriores, à maior fatia dos pedidos. Nos dados disponibilizados pelo IRN refere-se ainda que quase outro terço (27%) diz respeito a filhos e netos de portugueses nascidos no estrangeiro. Estes números contrariam as declarações do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, no debate parlamentar em que afirmou que só 15% das pendências diziam a pedidos de nacionalidade originária no estrangeiro, descendentes de portugueses.
Na realidade, em conjunto, sefarditas e descendentes de portugueses são responsáveis por 60% das pendências. Os outros 20% são de pedidos de aquisição de nacionalidade pelo casamento ou união de facto com um português (14%) e de aquisição por filhos menores ou incapazes de pai ou mãe que adquiriram a nacionalidade portuguesa (6%), mas nenhum destes casos se pode somar aos dos imigrantes porque estes cidadãos podem não morar em Portugal. (...) Como o PÚBLICO noticiou esta quarta-feira, feitas as contas, em termos de média mensal de 12 meses de 2024, e de seis meses de 2025, o número de pedidos baixou 12,5% (de 18.374 para 15.376 processos entrados em média). Estes valores, publicados no site do IRN neste sábado, têm como base os pedidos totais em 2024 e de seis meses em 2025​. (...) Ainda de acordo com dados do IRN, entre 2020 e 2025 entraram mais de 1,543 milhões de pedidos de nacionalidade portuguesa: 64% são pedidos de atribuição ao abrigo do artigo 1.º da Lei da Nacionalidade, que inclui também os filhos e netos nascidos no estrangeiro, e que não vivem em Portugal, os filhos de portugueses nascidos em Portugal e filhos dos imigrantes a residir em Portugal."

Dito isto, concluímos que as televisões portuguesas, transformadas em caixas de ressonância do populismo mentiroso do Chega, com sucessivas entrevistas ao grande líder e horas a fio de propaganda nos comentários de ritas e frazões e santanas, se colocam ao nível da Folha Nacional e das redes sociais em matéria de informação. Credibilidade? Zero.
 

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