sexta-feira, 25 de julho de 2025

CASEGAS

 


Em Casegas, terra do poeta Arnaldo Saraiva, num descampado cheio de pulgas e carraças junto ao rio. Durante o espectáculo, temendo o insucesso dos vendedores de farturas, dirige-me à roulotte da Sónia do Fernando e comprei uma dessas delícias fritas que tanto me acalentaram na infância. O chef de serviço, presumo que Fernando de seu nome, perguntou de onde vínhamos. Caldas da Rainha, respondi. Com surpresa, a mulher dele, Sónia de seu nome, desconfio, também era das Caldas, mais propriamente da ilha. Não há ilhas nas Caldas, tentei explicar, não muito convencido do que estava a dizer, pois afinal o que não falta em qualquer lugar onde exista gente é ilhas. Mas o Fernando insistia, o pai dela vivia na ilha e fugiu com uma brasileira. Seria da Berlenga, em Peniche? Não, teimou ele, numa ilha em Óbidos. Convocada a esclarecer o lapso, Sónia lá foi explicando que a ilha não era ilha, era lagoa, e que o pai vivera na Foz do Arelho. Bem vistas as coisas, não está mal. Aquela lagoa é mesmo uma ilha que ali vem perecendo, uma ilha de paz onde até os flamingos já vão dormir. É como este rio que aqui corre. Ele há ilhas por todo o lado, é preciso é descobri-las.

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