domingo, 13 de julho de 2025

PERCEPÇÕES

 


É que as capas de jornais e, com repercussões distintas, o alinhamento dos canais noticiosos, são arrastados pela comunicação informal das redes sociais, correndo atrás das audiências como galgos atrás de coelhos em busca do que julgam ser o interesse popular, ou seja, a pornografia emocional e sensacionalista. Repare-se, a título de exemplo, nas partilhas descontextualizadas de todo o tipo de vídeos com cenas de violência. Os imigrantes, especiais vítimas destas partilhas, são o bode expiatório fácil e acessível de uma cultura de violência que subverte papéis e exime de responsabilidades quem podia fazer o que não faz. Podia dar vários exemplos, de violações em grupo por jovens influencers a atropelamentos e fuga por palermas promovidos a figuras públicas, mas tenho aqui um mesmo à mão sobre putativas agressões de imigrantes a jovens caldenses nas "pacíficas ruas nocturnas" da cidade. O que o vídeo não mostra é a horda de adolescentes, muitos deles meninos de bem e filhos de boas famílias, que invadem lojas de conveniência para gamar vodka barata, álcool no geral, acompanhados de damas também elas todas muito alvas e puras que riem da ousadia dos bravos cavaleiros. Podem andar no rugby à tarde e ir à tourada com os paizinhos à noite, mas quando se apanham à solta fazem explodir petardos na via pública como qualquer hooligan das claques de futebol. E os pais assobiam para o lado porque, enfim, são as hormonas, é a juventude. Coisas que os tais vídeos nunca mostram e as notícias nas capas dos jornais raramente exploram porque entre uns e outras há uma relação de cumplicidade que assenta num princípio comum: sensacionalismo.

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