quarta-feira, 30 de julho de 2025

SÃO JORGE DA BEIRA

 


No princípio era o átrio torneado de tendas cerradas, palco erguido ao fundo e um balcão de serviço aos refrescos. O que se aprende nesta escola? Depois começaram a chegar as vendedeiras, as tendas ficaram a descoberto e havia bordados, cristais, vinhos e doces, artesanatos, sacos para o pão, bolsas com padrões florais. Ateou-se o lume, fizeram-se as brasas, chegou Felismina em ardências inconsumíveis. Fez-se música e o povo, atrelado à festa, foi aportando às mãos cheias até não sobrar filhós. Rimou bem com queijo de cabra e aguardente de Senhor Jorge, outro com ligações ao Oeste por via de filha migrada. Aquilo ali era outra coisa, o teatro seria sempre remate, jamais epígrafe, de uma função em que estrelou também o coro de braguesas e cavaquinhos e violas beiroas e outras cordas que tais. Um fotografo desajeitado, um DJ azeiteira em salto agulha sobre calçada à portuguesa, tudo dignificante de um povo acolhedor que resiste isoladamente sobre os buracos fundos das minas. Fui feliz naquela terra, entretanto rodeada de fogo.

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