quinta-feira, 21 de agosto de 2025

NERJA

 


PLAYA BURRIANA
 
No Verão Azul de 1982
tinha eu 8 anos
Pancho García correu pela praia
ao som de uma guitarra flamenca
que chorava a morte de Chanquete
 
Não me recordava das palmeiras
nem das ruas percorridas por cafés
restaurantes e bares
que hoje invadem a praia aos gritos
 
Era tudo menos humano
isto é, menos desenhado à medida dos homens
e por isso a tristeza
tinha outro encanto nos planos e sequências
filmados junto à orla marítima
 
Agora os telemóveis
registam a multidão poluente
numa alegria sem chama
a despeito do mar
que continua fiel às marés
e capaz de dizer não
com ondas revoltas de raiva
 
O tempo é isto
barcos atracados nas docas turísticas
e pescadores à volta da grelha
nos restaurantes que saciam a fome aos actores
de uma série sem terra à vista.

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