Era um homem inseguro
desde que, em criança,
pendurado numa árvore,
sentira quebrar-se o ramo
e estatelara-se no chão
como um pássaro bebé
acabado de sair do ninho.
Transportou pela vida
esse sentimento de queda,
a vertigem do alpinista
à borda do precipício.
Era alguém de confiança
que desconfiava do mundo,
começando por si, desde
aquele dia de uma queda
continuada que findaria
apenas à hora da morte,
quando, adormecido de pé,
tombou sobre o vazio
batendo com a cabeça
num coração de mármore.
Juraan Vink, do "Livro das Memórias".
Versão de HMBF.
Sem comentários:
Enviar um comentário