quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

DOIS DIAS


Uma pesquisa rápida pelos arquivos da net, permite-nos saber que Delmore Schwartz nasceu a 8 de Dezembro de 1913 em Brooklyn, Nova York. Filho de imigrantes romenos, aí foi criado até o pai ter resolvido deixar a família, tinha o pequeno Delmore apenas 9 anos. Diz-se que o divórcio dos pais afectou muito a criancinha, espoletando pequenos demónios que mais tarde lhe exigiram doses consideráveis de álcool, barbitúricos e anfetaminas. As relações amorosas também não foram consoladoras. Viveu seis anos com Gertrude Buckman e separou-se de Elizabeth Pollett depois de ter dado um enxerto de porrada a um crítico de arte que Delmore julgava andar enrolado com a sua mulher. A paranóia contrastou com as capacidades intelectuais, as fragilidades psíquicas só lhe puseram em causa a robustez da inteligência quando já pouco esperava do mundo. Estudou na Universidade de Columbia e na Universidade de Wisconsin, formando-se em Filosofia pela Universidade de Nova York no ano de 1935. Foi-lhe atribuído um prémio pelo ensaio Poetry as Imitation, e em 1937 a Partisan Review publicou-lhe um conto, escrito na clausura de um apartamento, intitulado In Dreams Begin Responsibilities. Foi precisamente este título que escolheu para o seu primeiro livro, publicado em 1938. A história do conto evoca o casamento falhado dos pais. Parece que Eliot, William Carlos Williams, Pound, Robert Lowell e Nabokov ter-lhe-ão reconhecido de imediato o talento. O casamento com Gertrude aconteceu em 1937. Gertrude Buckman escrevia recensões críticas para a Partisan Review. Sem nunca ter concluído o doutoramento em Filosofia, Delmore foi contratado como professor auxiliar em Harvard. Insatisfeito com a inclinação anti-semita que reinava na Universidade, regressou a Nova Iorque em 1947. Entretanto, publicara contos, poemas, peças de teatro, editara a Partisan Review e o The New Republic, traduzira Rimbaud. O casamento com Elizabeth Pollett data de 1948, ano da edição do livro de contos The World is a Wedding. Surgem comparações com Stendhal e Tchékhov. Delmore Schwartz granjeia tal reputação que é convidado a ensinar escrita criativa em várias Universidades. Lou Reed, que foi seu aluno, dedicou-lhe uma canção no primeiro álbum dos The Velvet Underground. Em 1959 é-lhe atribuído o Bollingen Prize, tornando-se o mais jovem poeta a receber este prémio. A colectânea que mereceu o galardão intitulava-se Summer Knowledge: New and Selected Poems. Passou os últimos dias da sua vida em solidão, embriagando-se na White Horse Tavern, sem cheta, sentado em parques onde distribuía cibos de côdea aos passarinhos, com o corpo cada vez mais degradado e a cabeça feita em água. Saul Bellow dedicou-lhe a narrativa Humboldt's Gift (1975). Morreu de ataque cardíaco, no quarto de Hotel onde residia, a 11 de Julho de 1966. Ninguém deu pela sua falta durante dois dias.

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