As notícias começaram a despir-se. Ficaram todos à espera, ninguém iniciaria uma orgia sem a presença do anfitrião – um tipo muito parecido com o Philip Seymour Hoffman. Ele nunca mais aparecia. As notícias começaram a sentir algum frio. Estavam nuas. Foi então que ouvimos uma canção dos Xutos & Pontapés na voz do José Cid: ai meu amor o que eu já chorei por ti. Vinha do fundo da sala. O tipo muito parecido com o Philip Seymour Hoffman chegou para dirigir a orgia. Pegou num microfone e enfiou-o na rata de uma das notícias. Algumas pessoas começaram a caminhar na direcção da canção. Outros desapareceram. Mas muitos meteram a boca no microfone que penetrava a rata da notícia. Eu fiquei na companhia da Rossy de Palma, os dois sozinhos, a olhar alguns peixes enormes nas águas poluídas de um mar parado. O mar parado era a realidade. Os peixes enormes eram pessoas reais, gente consecutivamente agredida pelo desinteresse, pelo descaso, pela incúria daqueles que se entretinham na orgia noticiosa.
2 comentários:
e a orgia cada vez tem mais participantes...
e o mar vai ficando amarelo, deixando os peixes confusos...
preto
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