Mas isto sim, isto é o que o olhar constrói quando se deixa destruir pela dádiva. Leonel Moura ironizando o corpo dentro de outro corpo, um edifício teórico, idealista, esse corpo que cresce nos livros e nos asfixia até à ausência de esperança. Nesse corpo, as extremidades são férreas. Nada mais se avista para lá desse corpo, nenhum jardim, nenhum mundo, as paredes tornam-se obscuras, o cérebro enreda-se numa plausível desistência. Não há o que pensar acerca desta relação. O artista dá-se, oferece-se ao seu público, dá-se na totalidade já não apenas enquanto artista, mas como homem. Suicida-se. Como Ruy Belo, matando-se na escrita, o artista mata-se na obra, oferece-se como recompensa à teoria que a sustentou. Aceito a tua dádiva, morte pendurada na parede, como quem nada tem para oferecer senão o testemunho de uma presença.
segunda-feira, 15 de março de 2010
SERRALVES, MARÇO, 2010
Mas isto sim, isto é o que o olhar constrói quando se deixa destruir pela dádiva. Leonel Moura ironizando o corpo dentro de outro corpo, um edifício teórico, idealista, esse corpo que cresce nos livros e nos asfixia até à ausência de esperança. Nesse corpo, as extremidades são férreas. Nada mais se avista para lá desse corpo, nenhum jardim, nenhum mundo, as paredes tornam-se obscuras, o cérebro enreda-se numa plausível desistência. Não há o que pensar acerca desta relação. O artista dá-se, oferece-se ao seu público, dá-se na totalidade já não apenas enquanto artista, mas como homem. Suicida-se. Como Ruy Belo, matando-se na escrita, o artista mata-se na obra, oferece-se como recompensa à teoria que a sustentou. Aceito a tua dádiva, morte pendurada na parede, como quem nada tem para oferecer senão o testemunho de uma presença.
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1 comentário:
uma parede numa parede.
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