quinta-feira, 29 de abril de 2010

QUARTO SOLITÁRIO

Se te atreveres a surpreender
a verdade desta velha parede;
e as suas fissuras, fendas,
formando rostos, esfinges,
mãos, clepsidras,
seguramente virá
uma presença para a tua sede,
provavelmente partirá
esta ausência que te bebe.

Versão de HMBF.




Conta quem julga saber que Alejandra Pizarnik nasceu no dia 29 de Abril de 1936, filha de judeus russos emigrados nos subúrbios de Buenos Aires. Diz-se por aí que não teve vida fácil. Problemas de acne e tendência para engordar ter-lhe-ão abalado a auto-estima. Refugiou-se nas anfetaminas e na poesia, receitas pouco aconselháveis a personalidades demasiado sensíveis. La tierra más ajena (1955), o primeiro livro de poemas, praticamente coincidiu com a entrada para a Universidade de Buenos Aires. Estudos de Filosofia, Jornalismo e Letras foram sendo interrompidos por interesses de ordem estética. Estudou pintura sob tutela de Juan Batlle Planas. Partiu para Paris em 1960, aí tendo ficado até 1964. Na capital francesa, trabalhou para o jornal Cuadernos, traduziu vários autores, participou na cena literária local, frequentou alguns cursos na Sorbonne. De regresso à Argentina natal, continuou a publicar a sua obra e obteve duas bolsas que lhe permitiram sobreviver até à estocada derradeira. No dia 25 de Setembro de 1972 sucumbiu à depressão ingerindo uma dose excessiva de barbitúricos. Diz-se que, antes de morrer, maquilhou as bonecas que lhe faziam companhia à solidão.

P.S.: o fantasma de Alejandra Pizarnik aparece frequentemente, e bem, na casa da lebre. Aqui.

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