Os devotos de John Barleycorn são assim. Quando lhes bate à porta a boa sorte, bebem. Quando não têm sorte, bebem na esperança de boa sorte. Se a sorte é madrasta, bebem para esquecer. Se encontram um amigo, bebem. Se discutem com um amigo e perdem essa amizade, bebem. Se os seus assuntos amorosos são coroados de sucesso, ficam tão felizes que é obrigatório beberem. Se forem abandonados, bebem pela razão contrária. E se não têm nada para fazer, pois bem, tomam uma bebida, seguros de que, quando tiverem tomado um número suficiente de bebidas, as larvas começarão a rastejar nos seus cérebros e não terão mãos a medir com coisas para fazer. Quando estão sóbrios, querem beber; e, quando bebem, querem beber mais.
Jack London, in Memórias de um Alcoólico - John Barleycorn, trad. Ana Barradas, Antígona, Outubro de 2001, p. 87.
Nota: John Barleycorn é a personificação tradicional da bebida à base de malte (visto que Jack London preferia uísque). A expressão foi popularizada pelo poeta Robert Burns, que bebia muito, em Tam O'Shanter, «John Barleycorn, inspirador e ousado - Que perigos consegues fazer-nos arrostar».
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