Camarada Van Zeller, anteontem fui ao Rock In Rio. Não julgue vossa excelência que desbaratei parte substancial do meu parco vencimento para ver, e mal, um rol de guedelhudos a produzir ruído. Não. Limitei-me a não desperdiçar um presente que me haviam ofertado no Natal passado. Ainda ponderei vender o bilhete, mas achei que seria faltar ao respeito para com quem o me ofereceu. O respeitinho é uma coisa muito bonita. Pelo que, lá fui.
Quando cheguei, já tocavam os Motorhead. O camarada saberá quem são, uns anciãos com pinta de motards. A gente não percebe nada do que eles estão para ali a gritar, mas tem piada vê-los esgalhar nas cordas das guitarras o som de uma betoneira e de uma picareta em ritmo acelerado. Basicamente, ir a um concerto daqueles é como passar um dia nas obras.
Aproveitei o intervalo para dar um passeio por aquilo a que a organização do evento chama a Cidade do Rock. O que vi não é muito diferente do que se passa nas outras cidades, ou seja, muito comércio, gente parva, mais comércio, gente porca, ainda mais comércio, gente tonta e, para finalizar, um pouco de mais comércio e mais gente bronca.
Havia filas intermináveis para alguns pavilhões, pelo que quis averiguar sobre o que ali se passava. No fundo, não se passava absolutamente nada. Uns jogos, uns brindes, umas ofertas. Confesso que me espantou perceber que não consegui esperar tanto tempo para entrar no Musée d'Orsay, como algumas pessoas esperavam para adquirir um sofá insuflável da Vodafone, uma guitarra de plástico da não sei quê, um chapéu de palha do não sei quantos, perucas vermelhas e anéis fluorescentes, entre outros brindes de básico interesse. Deve ser da crise, ou então é mesmo como a crise: a malta endivida-se para comprar o bilhete, depois espera, espera e espera, sua as estopinhas pelas borlas.
Dada a voltinha do triste, fui urinar. Regressei para o recinto, comi uma bucha, bebi uma cerveja, e fui urinar novamente. Depois tentei assistir ao concerto dos Megadeth, mas faltaram-me alguns centímetros para conseguir ver alguma coisa além das cabeleiras esvoaçantes dos metálicos que à minha frente oravam contra um invisível muro das lamentações. Aproveitei para dar trabalho a uns rapazitos que por ali passavam de barril de imperial às costas. Ora bebia mais uma, ora ia evacuar as águas. Estive nisto o tempo todo, a ver se o álcool produzia algum efeito que me ajudasse, vá lá, a abanar o capacete.
Numa dessas digressões a caminho das casas de banho parei a mirar umas miúdas que tiravam fotografias ao lado de dois sapos. Mais à frente, vi as mesmas miúdas a tirarem fotografias ao lado do Fernando Ribeiro dos Moonspell. Fernando Ribeiro e sapos, o mesmo campeonato. Ainda fiquei para espiar os Rammstein. Alguns amigos afiançaram-me que seria actuação de qualidade, mas eu confesso que para festivais de pirotecnia continuo a preferir as festas de Nossa Senhora da Encarnação em Arrouquelas. Fui-me ao quarto tema, pois haviam-se-me acabado as moedas para a imperial. Enfim, não posso dizer que tenha gostado, mas também não direi que odiei. Acho que fui lá só para experimentar as casas de banho.
Quando cheguei, já tocavam os Motorhead. O camarada saberá quem são, uns anciãos com pinta de motards. A gente não percebe nada do que eles estão para ali a gritar, mas tem piada vê-los esgalhar nas cordas das guitarras o som de uma betoneira e de uma picareta em ritmo acelerado. Basicamente, ir a um concerto daqueles é como passar um dia nas obras.
Aproveitei o intervalo para dar um passeio por aquilo a que a organização do evento chama a Cidade do Rock. O que vi não é muito diferente do que se passa nas outras cidades, ou seja, muito comércio, gente parva, mais comércio, gente porca, ainda mais comércio, gente tonta e, para finalizar, um pouco de mais comércio e mais gente bronca.
Havia filas intermináveis para alguns pavilhões, pelo que quis averiguar sobre o que ali se passava. No fundo, não se passava absolutamente nada. Uns jogos, uns brindes, umas ofertas. Confesso que me espantou perceber que não consegui esperar tanto tempo para entrar no Musée d'Orsay, como algumas pessoas esperavam para adquirir um sofá insuflável da Vodafone, uma guitarra de plástico da não sei quê, um chapéu de palha do não sei quantos, perucas vermelhas e anéis fluorescentes, entre outros brindes de básico interesse. Deve ser da crise, ou então é mesmo como a crise: a malta endivida-se para comprar o bilhete, depois espera, espera e espera, sua as estopinhas pelas borlas.
Dada a voltinha do triste, fui urinar. Regressei para o recinto, comi uma bucha, bebi uma cerveja, e fui urinar novamente. Depois tentei assistir ao concerto dos Megadeth, mas faltaram-me alguns centímetros para conseguir ver alguma coisa além das cabeleiras esvoaçantes dos metálicos que à minha frente oravam contra um invisível muro das lamentações. Aproveitei para dar trabalho a uns rapazitos que por ali passavam de barril de imperial às costas. Ora bebia mais uma, ora ia evacuar as águas. Estive nisto o tempo todo, a ver se o álcool produzia algum efeito que me ajudasse, vá lá, a abanar o capacete.
Numa dessas digressões a caminho das casas de banho parei a mirar umas miúdas que tiravam fotografias ao lado de dois sapos. Mais à frente, vi as mesmas miúdas a tirarem fotografias ao lado do Fernando Ribeiro dos Moonspell. Fernando Ribeiro e sapos, o mesmo campeonato. Ainda fiquei para espiar os Rammstein. Alguns amigos afiançaram-me que seria actuação de qualidade, mas eu confesso que para festivais de pirotecnia continuo a preferir as festas de Nossa Senhora da Encarnação em Arrouquelas. Fui-me ao quarto tema, pois haviam-se-me acabado as moedas para a imperial. Enfim, não posso dizer que tenha gostado, mas também não direi que odiei. Acho que fui lá só para experimentar as casas de banho.
3 comentários:
extraordinária reportagem!
eu vi os motorhead em Leeds e mijei em inglês.depois de uma chuva tropical a urbanidade é uma caresse mulata. chique a valer!
Rui Costa
;-) caresse é fixe
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