domingo, 20 de março de 2011

A MORTE QUE ALGUÉM ESPERA




A morte que alguém espera
A morte que alguém evita
A morte que vai pelo caminho
A morte que vem taciturna
A morte que acende os castiçais
A morte que se senta na montanha
A morte que abre a janela
A morte que apaga as luzes
A morte que aperta a garganta
A morte que fecha os rins
A morte que parte a cabeça
A morte que morde as entranhas
A morte que não sabe se deve cantar
A morte que alguém entreabre
A morte que alguém faz sorrir
A morte que alguém faz chorar

A morte que não pode viver sem nós

A morte que vem a galope no cavalo
A morte que chove em grandes estampidos


Vicente Huidobro, do livro Últimos poemas (1948), in Poesía y Poética (1911-1948), antología comentada por René de Costa, Alianza Editorial, Madrid, 1996, p. 308..
Versão de HMBF

2 comentários:

Mariana disse...

a morte que ninguém espera,
fera a usurpar quimeras...

Amélia disse...

Henrique; comece, se já não começou, a pensar em publicar as suas traduções deste poeta.Creio que a Rel+ogio d'Água seria capaz de se interessar...