sábado, 10 de setembro de 2011

O POVO NA RUA, O CÃO NA CASOTA

Camarada Van Zeller, fiquei atiçado depois de ouvi-lo falar. Segurem-me que eu não aguento. Já calcei as botas da tropa, já vesti a t-shirt encarnada, vou enrolar o turbante ao pescoço antes que me enrolem o pescoço ao turbante. Armadilhei-me com um cocktail incendiário e uma tumultuosa moca de Rio Maior. As montras, quando me vêem passar, encolhem-se todas. As ruas preparam-se para o meu sangue. Tomei pastilhas para a garganta, de modo a que os gritos se façam escutar para cima do mais inatingível decibel. Estou em pulgas. Melhor, estou em carraças. Vosselência é uma inspiração, as suas palavras uma forte motivação revolucionária: «não podemos evitar que haja manifestações na rua. Já viu o ridículo que era este povo aceitar os sacrifícios e não ir para a rua, não fazer um desfile? Parecíamos parvos ou mortos». Aqui estou eu, camarada, pronto para o desfile em pose de passarela. A dúvida é: quando este povo for para a rua, onde irá vosselência se meter?

2 comentários:

Anabela disse...

Numa das melhores montras do Vivaci ;)

(olha: Verificação de Palavras: comer )

nanda disse...

Há uma estratégia oculta. É o Passos a falar em tumultos que não existem. É o Portas a falar em greves … que não se vislumbram. Agora este camarada é menos subtil na provocação … e chama-nos mansos.
Cheira-me a esturro. Prepararam uma cilada ao povo e estão ansiosos para a pôr em prática?