Camarada Van Zeller, há duas pessoas que admiro imenso em Portugal. Uma é o Zé Pedro dos Xutos & Pontapés, a outra é Luís Campos e Cunha. Este menestrel da economia nacional, que esteve num Governo de Sócrates durante 4 meses, mas abandonou o cargo porque lhe queriam mexer na carteira, veio defender recentemente que «em vez de se baixar a TSU, se devia aumentar o horário de trabalho ou reduzir o número de dias de férias e feriados de forma temporária». Isto faz de Campos e Cunha um dos ministros mais fugazes da história da política portuguesa com mais propostas para a política portuguesa. Não sei quantas horas por dia trabalha o ex-ministro, mas por mim falo: trabalho tantas que quando chego a casa não me resta tsu nem para jogar ténis na Wee. Hoje, por exemplo, estou de folga. Que tenha trabalhado entre as 10:00 e as 15:00 sem receber mais um cêntimo pelos serviços prestados é igual ao litro, o que importa é aumentar o horário de trabalho e contribuir para a saúde da Economia nacional. Aumentando o horário de trabalho as pessoas podem passar menos tempo em casa, desperdiçar menos horas com os filhos, pensar menos na vida. Evitam-se deste modo vários transtornos que estão na origem dos mais diversos problemas económicos. Primeiro, ao pensarem menos na vida as pessoas cometem menos erros. Prevê-se uma diminuição drástica na taxa de suicídios, até porque não haverá tempo para os preparativos. Os maridos não terão tanta disponibilidade para açoitar as mulheres, as mulheres não terão tanta disponibilidade para fazerem o jantar aos maridos, os filhos poderão andar na boa-vai-ela sem terem que ouvir as reclamações dos pais. Sublinhe-se também a pertinência da redução do número de dias de férias. Para que querem férias as pessoas que não têm dinheiro para gozar férias? A mim sempre me pareceu um pouco decadente dar férias a quem resta apenas uma de três soluções: ficar em casa a ver a programação de férias das televisões nacionais, colar o cu ao banco do café a folhear revistas com férias de sonho, encher a banheira e cortar os pulsos. Portanto, mais uma vez, Campos e Cunha prova que era o homem certo para o lugar errado. Infelizmente, só por lá ficou durante 4 meses. O suficiente, por certo, para tirar umas boas férias.
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