domingo, 14 de outubro de 2012

GULAG FISCAL


Camarada Van Zeller, chegámos a uma fase da vida política em que cada um se esforça por encontrar a expressão mais potente e sensacionalista para caracterizar aquilo que até há pouco era visto por todos os que agora falam como uma necessidade absoluta do país, a famigerada austeridade. Políticas de contenção, um Presidente da República a acusar os portugueses de terem vivido acima das suas possibilidades como se nunca tivesse sido Primeiro-ministro, luminárias várias defendendo um ataque às gorduras do Estado e a senhora dona Christine Lagarde, com a austeridade estampada na indumentária, deram nisto:

O conselheiro de Estado e ex-presidente do PSD Marques Mendes classificou esta noite, em declarações à TVI 24, o aumento de IRS proposto pelo Governo como um "assalto à mão armada" aos contribuintes, que "mata" a classe média. "Isto é um assalto fiscal. Não é um agravamento fiscal, nem um aumento fiscal enorme como dizia o ministro das Finanças, isto é uma espécie de assalto à mão armada ao contribuinte", declarou na noite de quinta-feira ao canal de televisão.
Bagão Félix define como "napalm fiscal" as alterações ao IRS constantes da proposta de Orçamento de Estado para 2013. "Assim, não vale a pena trabalhar", disse o ex-ministro.
O PS acusou o governo de lançar uma bomba atómica fiscal sobre os portugueses. O Bloco de Esquerda fala em massacre e os Verdes em loucura do governo, mas Passos Coelho sublinhou que as medidas são necessárias para que o país se livre da troika.
 
Pois bem, caríssimo camarada, temos um assalto à mão armada aos contribuintes, temos napalm fiscal, temos uma bomba atómica fiscal, temos um massacre e a loucura do governo. Só nos falta alguém vir falar de um campo de concentração ou de um gulag fiscal. Enquanto não aparece ninguém com esse reforço retórico, convém lembrar uma coisa muito simples: este é um Governo do PSD em coligação com o CDS que sucede a dois governos do PS que, por sua vez, se seguiram a dois governos do PSD em coligação com o CDS, posteriores a dois governos do PS que, lá está, se seguiram a outros três do PSD e assim sucessivamente… Convém lembrar, que é para não esquecer. Agora vou ali com o meu SEAT de 1999 à inspecção.

1 comentário:

Anónimo disse...

Só falta mesmo dar o salto final, desde a demagogia para a acção, fazer do modo de vida imposto um modo de guerra e assim poder aniquilar esta grande farsa chamada democracia.

Já ninguém me convence que este "povo", como outros aí pela europa e mundo, não possuem a capacidade necessária para viver em democracia. Sofrem do querer encher ou preencher sempre o vazio que os preenche com supérfluo e com o que mais de inútil lhe cabe.

abraços