terça-feira, 2 de abril de 2013

IMPULSO JOVEM


Camarada Van Zeller, o distinto ministro Adjunto foi à loja dos trezentos, vulgo YouTube, escolher o rosto para o programa Impulso Jovem. Podia ter ido à loja dos chineses, correndo o risco de nos deixar com os olhos em bico. Deixou-nos apenas atordoados. Miguel Gonçalves, também conhecido no seu núcleo de amigos mais chegados por speedy Gonçalves, é um fenómeno que convém acompanhar. Diogo Morgado bem pode encarnar a figura de Jesus Cristo, que jamais chegará aos pés deste idealista revolucionário de Braga (vide facebook). Com um aspecto menos sexy, mais chunga, lembra Frank T. J. Mackey, a personagem de Magnólia interpretada por Tom Cruise. Tem um discurso positivo, motivador, estimulante, agressivo, comercialmente eficaz, mas não se livra de julgarmos que tem mau hálito sempre que o ouvimos chibatar a procrastinação nacional. Miguel Gonçalves é um poeta do empreendedorismo, nisso Relvas teve olho. Está para o empreendedorismo como Zezé Camarinha para o engate. É um tangas bem calibrado. Mesmo, mesmo, mesmo à medida de Relvas, a «pessoa trabalhadora, rápida, diligente, que anda com uma velocidade acelerada, sempre andou» (Cf. Helena Roseta) e que tira cursos como quem troca de camisinha. Relvas podia ter pensado, sei lá, no Tó Jó, na Fanny, na Erica Fontes (não é certo que não tenha pensado), no menino Gil, na Maria Armanda, no Tino de Rans, no Saúl, no Zé Maria, no mais jovem deputado da nação, eu sei lá… Podia ter escolhido de entre um milhão de cromos o cromo mais disponível para aceitar tão nobre desafio, ainda por cima de borla (como o Estado gosta e o Vítor Gaspar anseia). Foi logo escolher este speedy Gonçalves, o jovem que deve servir de exemplo a todos os jovens que o Primeiro-ministro tem impelido para a emigração. Miguel Gonçalves será, então, o rosto por detrás da precariedade, dos estágios não remunerados, dos salários mínimos, de um exército de licenciados que para pouco mais servem do que para repor as prateleiras da Sonae e engraxar os sapatos ao Camilo Lourenço. De facto, um programa apostado em combater o desemprego entre os mais novos carece de irreverência. Carece, nomeadamente, de quem não tenha outra mensagem para fazer passar senão a de que, e passo a citar, importar bater punho. Bater punho é, pois então, o que se espera dos desempregados portugueses enquanto não houver vacas para satisfazer com a arte presidencial da ordenha. Bem sucedido na arte de palestrar, Miguel Gonçalves terá em Miguel Relvas um patrono à altura e Relvas terá em Gonçalves o filho com que sempre sonhou. Não duvidamos de que Relvas se farta de bater punho. Tem cara disso. E não duvidamos também que tenha queimado as pestanas a estudar nos intervalos da venda de pipocas à entrada da extinta Feira Popular.  

1 comentário:

Anónimo disse...

Nem mais. O rapaz é inacreditável.
Sara Monteiro