terça-feira, 25 de junho de 2013

UM RABO DE IDEIAS GENIAIS

Camarada Van Zeller, isto não é um lamento, nem sequer é um desabafo. Isto é uma constatação. Um tipo levanta-se às 8h para estar no trabalho às 9h. Chega a casa pelas 21h, depois de um dia intenso a responder às solicitações do público, dos chefes, dos parceiros, dos colegas. É assim diariamente, a troco de menos de 1000€ por mês (o vencimento base está longe disto). Depois chega a casa, quer descansar, deita-se um pouco, folheia as notícias e dá com as novidades: Executivos dum grande banco falido riam-se a combinar quanto dinheiro iam pedir (e jamais devolver) ao Estado. Portanto, o desconforto recrudesce no estômago, sobe à garganta, um tipo quase que vomita. Contém o vómito, engole em seco e pensa: andamos a trabalhar uma vida inteira para quê? Para que os CEOs, os administradores, os executivos possam comprar iates, possam levar a família – se a não venderam já - de férias às Caraíbas, possam fechar um restaurante só para eles enquanto se riem dos burros que os carregam e explicam uns aos outros as manhas do negócio: não se pode deixar os contribuintes perceberem que nunca vão recuperar o que é deles. Para este estado de degradação, onde quem detém o poder já provou não o exercer com ética, muito menos com moral, eu só encontro uma solução: encarcerar os indivíduos para a vida inteira, deixando uma corda pendurada no teto de modo a que eles se deitem e acordem todos os dias a olhar para aquela corda. Depois é ter esperança de que lhes reste alguma dignidade dando uso à corda. Mas como os nossos governos não estão empenhados em varrer do mundo esta horda de flibusteiros, cretinos, vigaristas, ladrões, esta corja que mata mais e mais lentamente do que qualquer Hitler da História da humanidade, como os nossos governos mais facilmente usam exércitos inteiros para travar manifestações do povo desesperado, roubado, enganado, traído, não é de esperar que a solução apresentada venha a vingar. Constatado o facto, caro Van Zeller, melhor é fazer como o macaco, tapar os olhos, os ouvidos, o nariz, a boca e o cu de onde saem ideia magníficas, fazendo de conta que foi só mais um dia mau. Amanhã, às 9h, lá estaremos a contribuir para o bem-estar do patronato a troco desse luxo que é poder dizer que se tem trabalho.

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