A história desta fotografia é sobejamente conhecida. Em
1936, um homem chamado August Landmesser não fez a saudação nazi para aclamar
Hitler. Os tempos eram incomensuravelmente diferentes, o homem estava entre uma
multidão vergada pelo medo, mas a sua postura revela algo mais do que um gesto
simbólico. Resulta de um exercício de consciência que, servindo-se da mais
nobre das conquistas humanas, a liberdade, garante ao indivíduo a sua condição
de pessoa. Ele é uma pessoa. O mesmo não podemos afirmar, pelo menos com tanta
certeza, dos entes que apoiados em declarações de voto e abstenções
oportunistas se curvaram, com muito menos a perder do que Landmesser, a uma disciplina
de voto pura e simplesmente usurpadora da consciência individual e, por
consequência, da dignidade humana. Não foi por cobardia, é mesmo falta de
dignidade.
4 comentários:
Uma tristeza.
Carreirismo. A consciência atirada para o lixo.
Não cospem na gamela de onde comem.
esta fotografia fez-me lembrar uma sessão de homenagem a um almadense antifascista e comunista (Alberto Araújo, que esteve preso no Tarrafal...).
a sessão era pública organizada por várias colectividades e também pelo PCP. como já tinha biografado o autor, senti que devia estar presente.
quase no final da sessão, houve alguém da mesa que resolveu transformar aquilo num comício politico e começou a gritar, de punho erguido: «PCP, PCP, PCP, PCP».
toda a gente da plateia se levantou e imitou a mesa, excepto duas pessoas, eu e uma jovem jornalista que estava a meu lado.
ali ficámos, isolados, a tentar esconder o desconforto da situação, sem contudo perdermos a dignidade.
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