segunda-feira, 20 de outubro de 2014

MISTY UPHAM, PRÉMIO LEYA E A BARRIGA DA JESSICA

O cadáver de Misty Upham foi encontrado num rio nos arredores de Seattle. Para ser notícia, o cadáver de Misty Upham não basta. Misty Upham, de origem indígena, é uma desconhecida. O que torna a notícia notícia é uma aparição secundária (terciária?) da actriz no filme Django Libertado. Deste modo, a notícia transforma-se em notícia com o título: Actriz de “Django Libertado” encontrada morta.
A mesma mentalidade está por detrás do anúncio do último Prémio Leya: Prémio Leya para descendente de Eça de Queiroz. Poucos quererão saber se o prémio foi atribuído a Afonso Reis Cabral, nome até agora completamente desconhecido. Mas muitos estarão interessados em saber quem é o descendente de Eça de Queiroz (ou Queirós, conforme as conveniências). Não é o Prémio, muito menos o livro, que são relevantes, é a ascendência.
O efeito desta forma de apresentar notícias nota-se nas reacções às formas do corpo de Jessica Athayde (nunca tinha ouvido falar) exibidas num desfile de moda. A onda gerada em torno de uma barriguinha que os meus olhos não vêem é de tal forma inusitada que me permite concluir andar o povo a ler os livros errados e a passar ao lado dos filmes certos:



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