Depois de assistir à queda de meio mundo sobre as afirmações
de um tal Gustavo Santos, estranhei que o mesmo direito não tivesse sido oferecido a
Boaventura de Sousa Santos. Assisti incrédulo ao programa de televisão de que
aqui se fala, reproduzindo afirmações ali divulgadas. No mesmo programa estavam
também, via Skype, algures no Iraque, Ana Maria Rosa Martins Gomes e, no
estúdio, entre outros cujo nome não recordo, a nova coqueluche da igreja
portuguesa, o franciscano capuchinho Frei Fernando Ventura. Na realidade, senti-me
mal ao assistir a esse programa por ter constatado ser ali apenas coerente a amabilidade
e a serenidade do padre. O eminente sociólogo simplesmente reproduziu, com maior
sofisticação académica e menos gesticulação, as tontices que já tínhamos escutado ao life coach
(seja lá isto o que for). Tem interesse e graça que os nossos humoristas tenham
preferido como alvo de chacota um palerma alegre. Talvez não tenham visto o
mesmo programa que eu vi, talvez passem mais tempo a ler os posts do Gustavo no
Facebook. Eles lá sabem quem lhes merece mais atenção. Também é possível que lhes falte sofisticação intelectual para
desmontar os lugares-comuns do sociólogo, sentindo-se muito mais à vontade no
território pop do coaching. Enfim, são os nossos humoristas. Andam agora
entretidos a discutir quem é mais charlie, como na infância discutiam com os
amigos de carteira quem tinha a pilinha maior. Têm todos muito piada, são é
pouco inteligentes. Batem forte nos life coach, mas não se metem com
sociólogos. Estão mesmo a pedi-las.
1 comentário:
Já não é de agora que Boaventura Sousa Santos debita banalidades travestidas de verdades sociológicas. Haja quem o ouça com atenção e sem subserviência!
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