sábado, 21 de fevereiro de 2015

CUCOS

Não acredito em nada do que leio nos jornais, valendo a premissa para tudo o que leio nos jornais. Portanto, não acredito que Portugal e Espanha tenham tentado bloquear o acordo da Grécia com o Eurogrupo. O que tinham a ganhar com tal postura? A metáfora do cão apoiado nas patas de trás não chega, seria necessário pensar num outro tipo de animal. Talvez o cuco, a ave parasita que, em vez de construir o próprio ninho, deixa os ovos nos ninhos das outras aves. Mas no caso português isto de ser cuco tem os seus contratempos. Portugal sempre foi um cuco estúpido, desde os tempos das especiarias da Índia ao ouro do Brasil. Desta feita, deixou os ovos no ninho da águia alemã. Está visto que a águia não podia senão devorar-lhe os ovos, impedindo o desenvolvimento da espécie parasitária. Talvez poupe o cuco e até lhe ofereça um ramo onde repousar de baixos voos. Com ministros das Finanças transformados em animais políticos, o zoológico faz as vezes da floresta. Os animaizinhos estão presos em gaiolas financeiras, cumprem as suas vidas obedecendo às regras dos tratadores. Isso a que chamam troika, e que a Wikipédia lembra ser um carro conduzido por três cavalos, mais não é do que o banquete dos omnívoros. Alguns cucos podem aspirar à mesa do rei. Entre nós, Durão Barroso e Vítor Gaspar são apenas dois exemplos de parasitas bem sucedidos. Já na base desta cadeia alimentar estarão sempre insectos ignorantes como eu, que olho para o recibo de vencimentos e para as facturas da electricidade, do gás, da água e não percebo nada do que estou a descontar e a pagar. Mas desconfio, embora os jornais o não expliquem, que não seja subsídios para os putativos paralíticos da Grécia.

Sem comentários: