quarta-feira, 25 de março de 2015

A MORTE SEM MESTRE


há não sei quantos mil anos um canavial estremeceu na Assíria
e um douto poeta inscreveu esse tremor num curto poema lírico
lido agora por mim junto a um canavial nos subúrbios de Lisboa
e eu penso que os dois canaviais estremeceram igualmente
a tantos tempos e lugares de distância
e só se extinguirão devorados pelo fogo
quando o fogo devorar a terra inteira

Herberto Helder, in A Morte Sem Mestre, Porto Editora, Maio de 2014, p. 54.

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