A notícia é da semana passada mas, por ser uma raridade
mesmo rara – e neste caso a expressão não é pleonasmo, merece toda a atenção.
Uma empresa, a Lisnave, decidiu por iniciativa dos seus accionistas distribuir
pelos seus trabalhadores efectivos 18,5%
dos lucros líquidos do exercício de 2014, isto é, 1,2 de 6,47 milhões de
euros a título de gratificação. É assim, e não com pancadinhas nas costas que
não pagam as despesas lá de casa, que um trabalhador sente que o seu trabalho é
valorizado.
Filipe Tourais, aqui.
A minha experiência é outra. Diária, semanal ou mensalmente,
relatórios de objectivos cumpridos ou por cumprir merecem a mesma despesa e o
mesmo lucro: uma caderneta iconográfica de bonecos alegres ou zangados, com
parabéns e recriminações enviadas por e-mail. Vivo numa outra dimensão, algures
entre a escola primária do antigo regime e o cinismo oportunista das direcções.
Grato pela atenção, procuro regressar sempre a casa com a consciência de missão
cumprida e muito estômago. O recibo de vencimentos ditará a fortuna ou o infortúnio
do meu empenho sempre com a mesma e invariável eloquência.
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