segunda-feira, 2 de março de 2015

TRÍPTICOS DA NUDEZ #4

Maria, não te queixes. Aí tens não um, mas cinco esculturais nus masculinos. É verdade que o plano traseiro e as bolinhas no ar indiciam a pior das suspeições, mas desengana-te: não estamos no domínio exclusivo da homogamia. 


A representação da nudez na sétima arte conheceu um dos momentos mais altos no Kultur-Film alemão Wege zu Kraft und Schönheit/Caminho da Força e da Beleza (1925) – ou simplesmente Força e Beleza -, objecto de exaltação cultural que contou com Leni Riefenstahl no elenco.  Pode ser visto aqui. Sadoul referiu-se-lhe como «filme de grandes meios, dedicado ao louvor da cultura física e do nudismo, com encenação a imitar o estilo antigo». Raramente o mudo terá sido tão grandiloquente, com seus ginastas de músculo harmonizado pela perspectiva da lente:


O culto do corpo conhecerá nesta obra uma obsessão mais que estética, política. Num certo sentido, ele é a estética elevada à política. Se o romantismo havia reivindicado a cristandade, mormente pela voz de Novalis, a República de Weimar ansiou pela helenização de uma pátria onde corpo e natureza se equilibrassem sobre o fio das sombras. Os alemães surgem aqui representados em poses hercúleas e posturas heróicas. Bem sabemos que tal desejo e ambição encalhou nas pretensões de um minorca austríaco com bigode ridículo, sobrando-nos agora uma chanceler sensaborona que nem o colorido dos decotes generosos consegue salvar: 


É a História, minha amiga. Sempre a cair....

1 comentário:

maria disse...

isto está cada vez melhor...tu sempre a levantar...a fasquia, pronto, e a história a atrapalhar. é a vida, amigo! ;)