Maria, não te queixes. Aí tens não um, mas cinco esculturais
nus masculinos. É verdade que o plano traseiro e as bolinhas no ar indiciam a
pior das suspeições, mas desengana-te: não estamos no domínio exclusivo da homogamia.
A representação da nudez na sétima arte conheceu um dos
momentos mais altos no Kultur-Film alemão Wege zu Kraft und Schönheit/Caminho
da Força e da Beleza (1925) – ou simplesmente Força e Beleza -, objecto de
exaltação cultural que contou com Leni Riefenstahl no elenco. Pode ser visto aqui. Sadoul referiu-se-lhe
como «filme de grandes meios, dedicado ao louvor da cultura física e do
nudismo, com encenação a imitar o estilo antigo». Raramente o mudo terá sido tão
grandiloquente, com seus ginastas de músculo harmonizado pela perspectiva da lente:
O culto do corpo conhecerá nesta obra uma obsessão mais que
estética, política. Num certo sentido, ele é a estética elevada à política. Se
o romantismo havia reivindicado a cristandade, mormente pela voz de Novalis, a
República de Weimar ansiou pela helenização de uma pátria onde corpo e natureza
se equilibrassem sobre o fio das sombras. Os alemães surgem aqui representados
em poses hercúleas e posturas heróicas. Bem sabemos que tal desejo e ambição
encalhou nas pretensões de um minorca austríaco com bigode ridículo, sobrando-nos
agora uma chanceler sensaborona que nem o colorido dos decotes generosos
consegue salvar:
É a História, minha amiga. Sempre a cair....
1 comentário:
isto está cada vez melhor...tu sempre a levantar...a fasquia, pronto, e a história a atrapalhar. é a vida, amigo! ;)
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