Ouvir a direita portuguesa é como ir ao circo e sair
descorçoado com o número dos palhaços, enfadonhamente repetitivo e previsível.
Esperavam os cómicos da nação que o actual governo grego fizesse em 5 meses o
que 5 anos de austeridade apenas pioraram. Mais, conseguem exigir ao actual
governo grego, com 5 meses de serviço, o que em 4 anos não conseguiram fazer em
Portugal (por muito que haja quem se gabe de cofres cheios e dinheiro nas
caixas de MB). Ou então esperavam que por lá fosse como por cá costuma ser:
eleitos, os governantes mudariam de discurso, meteriam na gaveta o programa que
os elegeu, mostrar-se-iam nas tintas para a democracia e para o seu povo, em
suma, mentiriam e ficariam à espera de ver renovadas as suas aspirações quatro
anos de intrujice depois. Fica sempre bem um certo desprendimento. Prémios
Nobel da Economia podem afirmar que a austeridade tem sido completamente inútil
na Grécia, ficarão a falar sozinhos perante uma plateia de lacaios do FMI, do
BCE e da CE, instituições para quem a verdade suprema está numa folha de Excel
e na maturidade da senhora dona Lagarde (que, por acaso, não se livra da
suspeita de ter sido um pouco acriançada quando andou a jogar Monopólio com um
tipo chamado Bernard Tapie). Amigalhaço de seu amigo, também o grão Juncker
carrega sobre os ombros uma história invejável. Diz que enquanto
primeiro-ministro do Luxemburgo andou a assinar acordos fiscais secretos com
multinacionais, prática que dá sempre jeito a quem pretenda impor ao
mundo uma moral fiscal intransigente, consistente, objectiva, eficaz. Isto é
tudo muito giro e interessante, dá azo a inúmeros livros e muita discussão pública.
Nós por cá, curvamo-nos perante o número dos palhaços com mais um estudo
promovido pelos novos comandantes do Oceanário. Cito: Portugal tem a taxa de população emigrada mais alta da União Europeia, a população regrediu uma década encontrando-se agora abaixo dos 10,5 milhões, o número de trabalhadores dependentes aumentou, mas a ligação à entidade patronal tornou-se mais precária, Portugal é o quinto Estado-membro onde as contribuições sociais menos pesam no financiamento do sistema de protecção social, a dimensão média das famílias portuguesas desceu de 3,3 para 2,6 pessoas, na última década, Portugal foi o país em que o peso das remunerações líquidas no rendimento disponível das famílias mais caiu, o nível de vida dos portugueses recuou, em 2013, para valores de 1990, ficando 25% abaixo da média europeia, o PIB 'per capita' português caiu 7% face ao padrão europeu e o nível de vida das famílias regrediu mais de 20 anos, Portugal foi o país europeu que registou maior aumento na fiscalidade entre 2010 e 2013, com a carga fiscal a subir mais de 11%, Portugal é também o Estado-membro em que os juros absorvem uma maior proporção da riqueza criada e o décimo que mais gasta em prestações sociais… É
só um resumo. As boas notícias, podem encontrá-las aqui. As instituições estão felizes e de saúde. Que nos alegre a felicidade das instituições.
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