quarta-feira, 8 de julho de 2015

ESTADO DA NAÇÃO

Ouvir a direita portuguesa é como ir ao circo e sair descorçoado com o número dos palhaços, enfadonhamente repetitivo e previsível. Esperavam os cómicos da nação que o actual governo grego fizesse em 5 meses o que 5 anos de austeridade apenas pioraram. Mais, conseguem exigir ao actual governo grego, com 5 meses de serviço, o que em 4 anos não conseguiram fazer em Portugal (por muito que haja quem se gabe de cofres cheios e dinheiro nas caixas de MB). Ou então esperavam que por lá fosse como por cá costuma ser: eleitos, os governantes mudariam de discurso, meteriam na gaveta o programa que os elegeu, mostrar-se-iam nas tintas para a democracia e para o seu povo, em suma, mentiriam e ficariam à espera de ver renovadas as suas aspirações quatro anos de intrujice depois. Fica sempre bem um certo desprendimento. Prémios Nobel da Economia podem afirmar que a austeridade tem sido completamente inútil na Grécia, ficarão a falar sozinhos perante uma plateia de lacaios do FMI, do BCE e da CE, instituições para quem a verdade suprema está numa folha de Excel e na maturidade da senhora dona Lagarde (que, por acaso, não se livra da suspeita de ter sido um pouco acriançada quando andou a jogar Monopólio com um tipo chamado Bernard Tapie). Amigalhaço de seu amigo, também o grão Juncker carrega sobre os ombros uma história invejável. Diz que enquanto primeiro-ministro do Luxemburgo andou a assinar acordos fiscais secretos com multinacionais, prática que dá sempre jeito a quem pretenda impor ao mundo uma moral fiscal intransigente, consistente, objectiva, eficaz. Isto é tudo muito giro e interessante, dá azo a inúmeros livros e muita discussão pública. Nós por cá, curvamo-nos perante o número dos palhaços com mais um estudo promovido pelos novos comandantes do Oceanário. Cito: Portugal tem a taxa de população emigrada mais alta da União Europeia, a população regrediu uma década encontrando-se agora abaixo dos 10,5 milhões, o número de trabalhadores dependentes aumentou, mas a ligação à entidade patronal tornou-se mais precária, Portugal é o quinto Estado-membro onde as contribuições sociais menos pesam no financiamento do sistema de protecção social, a dimensão média das famílias portuguesas desceu de 3,3 para 2,6 pessoas, na última década, Portugal foi o país em que o peso das remunerações líquidas no rendimento disponível das famílias mais caiu, o nível de vida dos portugueses recuou, em 2013, para valores de 1990, ficando 25% abaixo da média europeia, o PIB 'per capita' português caiu 7% face ao padrão europeu e o nível de vida das famílias regrediu mais de 20 anos, Portugal foi o país europeu que registou maior aumento na fiscalidade entre 2010 e 2013, com a carga fiscal a subir mais de 11%, Portugal é também o Estado-membro em que os juros absorvem uma maior proporção da riqueza criada e o décimo que mais gasta em prestações sociais… É só um resumo. As boas notícias, podem encontrá-las aqui. As instituições estão felizes e de saúde. Que nos alegre a felicidade das instituições.

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