Escuto o discurso enraivecido: eles que nos paguem o que
devem e vão à vida deles. O que nos devem os gregos? Desconfio que muita gente
não saiba o que é dívida pública. Conviria explicar-lhes, estivessem
interessados em aprender. Não estão. Certas pessoas preferem falar sem
informação, simplesmente intoxicadas pelos discursos facciosos do clube a que
pertencem. Podiam, pelo menos, abrir o jornal e ler qualquer coisa como isto:
Em seis anos, a dívida pública do conjunto dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) aumentou 34,7pontos percentuais, com Irlanda, Grécia e Portugal a registarem as maiores subidas. (…) Os dados que a OCDE cita para concluir que houve um aumento próximo dos 35 pontos percentuais refere-se ao período de 2007 a 2013. A trajectória ascendente coloca Portugal como o quarto país com o maior nível de dívida pública quando comparada com o Produto Interno Bruto (PIB). Em 2014, esse rácio era de 130,2%. Com um nível de dívida pública maior apenas surgem o Japão (226%), a Grécia (177,4%) e Itália (132%). A OCDE nota que países acumularam dívida pública para “financiar despesas acima das suas receitas” e considera que, como resultado da crise, muitos países “aumentaram a despesa, através de pacotes de estímulo e intervenções para suportar as instituições financeiras, incorrendo por isso em dívida pública. Em muitos países da OCDE, a colecta das receitas também diminuiu, aumentando a pressão sobre as finanças públicas”. No conjunto dos países da OCDE para os quais há estatísticas disponíveis, o pagamento de juros representou, em média, 2,9% do PIB em 2013. Portugal está, com a Itália e a Islândia, no topo dos países onde este encargo foi mais alto quando comparado com o PIB. Nestes três países, o pagamento de juros ascendeu a 5% do PIB. Em sentido oposto, os valores mais baixos registaram-se na Estónia e no Luxemburgo, com um rácio inferior a 0,5%.
E fala a ministra em "cofres cheios", sem se rir. Os gregos estão a tentar resolver isto na casa deles,
pois já perceberam que não é a pagar juros inqualificáveis às instituições que
conseguem resolver a dívida. Portugal, obediente às medidas impostas pelos chamados
credores, lá se vai afundando à custa de filas cada vez maiores para
a sopa dos pobres. Esqueçam os €60 por pessoa no MB, talvez nós devamos também
pagar o que devemos e depois ir à nossa vida. Talvez seja essa a solução para
todos, pagarem o que devem e, depois, irem à sua vida. Já que para a vida
mostram ter jeito, prostituindo-se desta maneira. Ou talvez, daqui a uns
tempos, estejamos todos a dizer que, afinal, mais uma vez, somos nós quem deve
qualquer coisinha aos gregos. Veremos.
3 comentários:
Não percebem, nem nunca perceberão...
Há algo que eu já devo aos gregos: uma réstia de esperança num mundo mais justo para o meu e para as tuas...
Portugal tem os cofres cheios de estupidez.
RFF, a esperança mata.
MJLF, a quem o dizes.
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