segunda-feira, 19 de outubro de 2015

LUÍS MIGUEL CINTRA


Por motivos de doença, abandona os palcos. Por razões de saúde, o seu trabalho não nos abandonará. Vi-o representar e vi peças por si encenadas, momentos que perdurarão na memória enquanto marcas de estar vivo. Continuarei a revê-lo no cinema, seja na curta de estreia, Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço, assinada por João César Monteiro em 1971, seja nos inúmeros filmes de Manoel de Oliveira em que entrou, seja nesse monumental O Sangue, de Pedro Costa. E com Herberto dizer: «O actor é um advérbio que ramificou / de um  substantivo. / e o substantivo retorna e gira, / e o actor é um adjectivo. / É um nome que provém ultimamente / do Nome. / Nome que se murmura em si, e agita, / e enlouquece. / O actor é o grande Nome cheio de holofotes. / O nome que cega. / Que sangra. / Que é o sangue. / Assim o actor levanta o corpo, / enche o corpo com melodia. /Corpo que treme de melodia. / Ninguém ama tão corporalmente como o actor. / como o corpo do actor». 

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