quarta-feira, 21 de outubro de 2015

MATURIADE

Andamos há décadas a ouvir as luminárias costumeiras referirem a maturidade da democracia representativa portuguesa, uma democracia moderna, consolidada, firme e livre. Há décadas a encherem a boca com a democracia portuguesa. Pois bem, quando finalmente temos um momento político verdadeiramente democrático, um momento de divisão, debate, um momento crítico no mais positivo sentido da palavra, um momento que obriga facções historicamente advindas a encontrarem consensos, a contribuírem para soluções, as patranhas esvaem-se pelo ralo e fica tudo clarinho que nem as águas do Luso. Os teóricos parecem baratas tontas em busca de um abrigo. Afinal, naquelas cabeças maturidade democrática significa excluir das soluções de Governo partidos que foram a eleições, que foram votados, que lograram a confiança de milhares de eleitores. Para as luminárias, a democracia é um faz de conta redutível à alternância democrática, ou seja, ora toma lá PSD, ora toma lá PS, com os outros a ver navios à margem do arco da governabilidade (adoro esta expressão, faz-me lembrar a baía de Cascais). Cabe perguntar se BE, PCP, PAN e todos os outros servem apenas para enfeitar os boletins de voto? Ou se são apenas uma espécie de fachada para inglês ver e ficar crente de que nas cabecinhas fascizóides dos plutocratas entrou realmente uma sementinha democrática?

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