quarta-feira, 28 de outubro de 2015

UM POEMA DE WERNER ASPENSTRÖM

Depois de ter lido 73 (óptimos) poemas sobre Ícaro
desejo dizer uma palavra a favor do seu primo da província
o pequeno Granito, deixado para trás no campo.
Falo também em nome dum tufo de erva
que goza de protecção tanto da sombra como do vento.

Depois de ter lido 73 poemas sobre o voo e sobre as asas
desejo fazer o meu elogio à planta do pé,
alma voltada para baixo, à arte de permanecer
e ter peso — como o pequeno Granito
ou a sua irmã, a celibatária Menina Abeto
baça mas sempre verde.


Werner Aspenström (Norrbärke, Dalarna, 13 de Novembro de 1918 - Estocolmo, 25 de Janeiro de 1997), in 21 Poetas Suecos, antologia coordenada por Ana Hatherly e Vasco Graça Moura, trad. Ana Hatherly, Vega, s/d, p. 16.

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