NESTE DIA COMPLETO O MEU 36.º ANIVERSÁRIO
É tempo de este coração permanecer insensível
porque já não pode comover o dos outros:
mas, se por ninguém eu posso ser amado,
ainda quero amar!
Os meus dias estão nas folhas já caídas;
as flores e os frutos do amor abandonaram-me;
a ninguém o verme, a gangrena e o desgosto
poderão pertencer!
Como uma ilha vulcânica, sozinho
o fogo vem consumir-se no meu peito;
não há nenhum lume que aí se reacenda
— uma chama funerária!
A esperança, o temor e o ciúme,
tudo o que é excessivo no sofrimento,
e o poder do amor, não posso compartilhar,
só lhes sofro as cadeias.
Mas não é assim — e não é neste lugar —
que deviam estes pensamentos abalar-me, nem agora
quando a glória enfeita o túmulo do herói
ou lhe coroa a fronte.
A espada, a insígnia e o campo de batalha,
a glória e a Grécia, contemplo à minha volta!
O guerreiro espartano, levado sobre o escudo,
não era mais livre.
Desperta (que a Grécia, ela está acordada!)
Desperta meu espírito! Pensa naquele
que faz correr o teu sangue vital para o lago materno
onde fica o seu destino.
Subjuga os desejos que despertam ainda,
virilidade indigna! — para ti
deveriam ser indiferentes o sorriso ou o duro
olhar da Beleza.
Para que vives, se lamentas a tua juventude?
Aqui fica o lugar de uma morte honrosa.
Caminha para a luta, e deixa que se apague
o teu último alento!
Procura — sem o procurar, tê-lo-ias encontrado —
o túmulo de um soldado, aquilo que mereces;
olha por fim à volta e escolhe este lugar,
aceita o teu descanso.
Nota: Este poema, com a data de 22 de Janeiro de 1824, foi escrito na Grécia, em Missolonghi, onde Byron três meses depois morreria.
Lord Byron (George Gordon Byron) (n. 22 de Janeiro de 1788, Dover, Reino Unido - m. 19 de Abril de 1824, Missolonghi, Grécia), in Poesia Romântica Inglesa, prefácio e tradução de Fernando Guimarães, 3.ª edição, revista e aumentada, Relógio D'Água, Fevereiro de 2010, pp. 33-35.
7 comentários:
Parabéns, que conte muitos mais.
Parabéns! Abraço
Óptimo dia para fazer anos. Parabéns.
Feliz aniversário! Espero que muito embreve consiga visitar a Grécia que o inspire a escrever ainda melhor poesia e também, porque não prosa, seja ele em forma de crónica ou ficção.
Um abraço.
hmmmm...
quem fazia anos era o Byron, autor do poema acima com o título a negrito
Bom, ficam os votos para a altura certa... :)
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