Quiseram os anjinhos proteger-me dos debates com uma avaria
na televisão. Só ontem voltei a ter aparelho. Vi o primeiro, ficando ainda mais
convencido de que Marcelo Rebelo de Sousa será o Tino de Rans dos ricos. Rica
dupla, uma espécie de palhaço rico e palhaço pobre lado a lado. Pode-se chamar
palhaço a Marcelo? Sobretudo hoje, depois de ver a triste figurinha na digressão
escalabitana? Enfim. O meu voto vai para Edgar Silva, o candidato apoiado pelo
meu partido. Faço-o não por respeito incondicional à máquina, mas por gostar
genuinamente do homem, por respeitar o seu passado, a sua dedicação a causas
nobres, por me dar garantias de ser um bom tipo. De certa forma, por me rever
nas suas inquietações, nos seus conflitos interiores, no seu desejo e na sua
vontade de um Portugal mais livre e mais justo. Escutei-o atentamente na entrevista
que deu à Antena 1 e mais convencido fiquei. A resposta titubeante sobre a
Coreia do Norte no debate televisivo não me afasta, compreendo-a até. Para mim seria óbvio uma
afirmação do tipo: não me revejo no que sei sobre aquele regime, não revejo
naquele regime a luta pela liberdade e pelos direitos fundamentais da pessoa
humana, aquele não é o meu comunismo. O meu não é. O meu é o do PCP e o de Edgar Silva, um
homem que em nome dos mais desprotegidos teve de actuar e agir contra a
instituição a que estava vinculado. Isso, para mim, é um exemplo de liberdade.
E basta. A Marisa Matias é uma mulher inteligente, tem o calo político que o
Parlamento Europeu oferece, tem boa imagem, as câmaras de televisão protegem-na do discurso demagógico do BE, soube aproveitar-se da questão coreana para sacar
alguns votos. Mas não tem o crédito que o passado do Edgar Silva oferece. Quanto
aos restantes candidatos, só posso dizer que de todos há apenas dois em quem não
votarei nem de olhos fechados: Marcelo e Maria de Belém. São os dois tristes,
oportunistas, facciosos, interesseiros, aparelhados. A candidatura de Maria de
Belém é de uma pobreza confrangedora, faria bem em desistir a favor do Nóvoa. O
facto de o conhecermos mal joga a seu favor, mas esteve à altura de Marcelo no
debate. Pelo menos foi a sensação com que fiquei depois de ver os resumos. O Morais
fez bem em candidatar-se. É sempre bom ouvirmos falar de corrupção, corrupção, corrupção,
corrupção, corrupção… Jamais poderia levar o meu voto, até por uma questão de
concordância. Ouvi-o dizer que não tinha aspirações políticas quase tantas
vezes quanto o ouvi falar de corrupção, pelo que, em respeito à ausência de
aspirações políticas que professa, desejo-lhe boa saúde. O psicólogo
motivacional tem pinta. Podia juntar-se ao Gustavo Santos e fazer uma firma. Com
sorte, conseguiriam resgatar da depressão o outro candidato. Escapa-me agora o
nome. E prontos, é o que tenho a declarar sobre o tema quando a procissão ainda
vai no adro. Isso e isto: Marcelo é uma figurinha mesmo triste. Como é que alguém
se ilude com um sempre-em-pé destes?
3 comentários:
O Sr. Marcelo desde sempre me pareceu um genuíno pateta, o que também desde sempre me levou a estranhar que gente que eu dou como minimamente inteligente e com opinião própria literalmente parasse de fazer o que quer que fosse ao domingo à noite para ouvir as suas patetices. Isto antes do advento das gravações automáticas, já que estas permitiam ouvi-lo a qualquer hora, o que o tornou para mim aind mais insuportável.
" A candidatura de Maria de Belém é de uma pobreza confrangedora, faria bem em desistir a favor do Nóvoa." Se ela fizer isso (desistir), Marcelo ganha à primeira volta. Pela simples razão de que é a candidata com mais capacidade de pescar votos à direita, retirando-os a Marcelo. Talvez ela consiga impedir Marcelo de ganhar à primeira volta e provocar uma segunda volta entre Marcelo e Nóvoa.
Não voto de certeza em Marcelo ou na Belém. Ainda não sei se voto no Nóvoa ou na Marisa, tenho de ver o desenvolvimento disto :)
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