O ALBATRÓS
Que maravilha! Voa ele ainda?
Continua a subir, e co'as asas paradas!
Que é que o levanta e aguenta?
Qual é o seu fito, o seu curso, as suas rédeas?
Voou ao máximo — agora é o próprio céu
Que ergue ao alto o que voa triunfante:
Fica agora parado a pairar,
Esquecendo o triunfo e o que triunfa.
Como a estrela e a eternidade,
Vive agora em alturas de que a vida foge,
Com dó mesmo da inveja:
E alto voou mesmo quem só o vê pairar!
Ó pássaro Albatrós!
Um eterno desejo me impele pra as alturas.
Pensei em ti: e então correu
Lágrima após lágrima, — sim, amo-te!
Friedrich Nietzsche (n. 15 de Outubro de 1844, Röcken, Alemanha - 25 de Agosto de 1900, Weimar, Alemanha), in Poemas, selecção, versão portuguesa, prefácio e notas de Paulo Quintela, Galaica, Porto, 1960, p. 161. Para juntar a estes.
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