Algo de positivo podemos colher das candidaturas de Maria
de Belém e Marisa Matias à Presidência da República, assim como da candidatura
de Assunção Cristas à liderança do CDS-PP, nomeadamente o discurso altamente sexista,
embora encapotado, de quem vê nessas iniciativas a possibilidade de um
exercício da política diferente por serem diferentes as mulheres a fazer
política. Diferentes em quê e como é o que ninguém explica. O que as
diferencia? O que fazem as mulheres no poder que os homens fariam diferente? A
própria Maria de Belém deixa-se embalar pela onda, ao afirmar que "Muitas mulheres sentem
que é chegado o momento de ter um exercício da Presidência diferente".
Este apelo à identificação pelo género é o pior dos argumentos que se pode
utilizar, sobretudo por haver nele um preconceito implícito que em nada abona a
favor da famigerada paridade. Mais inteligente,
reconheça-se, foi Assunção Cristas, ao afastar a questão de género dizendo que
preferia que isso não fosse assunto. Já Marisa Matias, apresentada em outdoors
como Uma por todos, não resistiu a sublinhar a dimensão feminina da sua
candidatura, embora não seja claro em que é que esta nova versão do lema dos
Três Mosqueteiros pode ser diferente, por exemplo, do Por todos nós utilizado
em tempos por Jorge Sampaio. Portugal é um país machista, disso não temos
dúvidas. Mas por vezes fica a impressão de que são as próprias mulheres a
contribuírem para isso, nomeadamente alardeando diferenças de género que ainda
estão por comprovar.
4 comentários:
"Mas por vezes fica a impressão de que são as próprias mulheres a contribuírem para isso, nomeadamente alardeando diferenças de género que ainda estão por comprovar." De acordo. E muitas tomam por machismo o que é simplesmente impulso sexual.
"Portugal é uma país machista" Se calhar não é tanto assim. Falta é dar uma definição rigorosa do que é machismo para nos entendermos.
exactamente!
Subscrevo-te, Henrique.
Porreiro, pá.
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