sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

DO GÉNERO DIFERENTE


Algo de positivo podemos colher das candidaturas de Maria de Belém e Marisa Matias à Presidência da República, assim como da candidatura de Assunção Cristas à liderança do CDS-PP, nomeadamente o discurso altamente sexista, embora encapotado, de quem vê nessas iniciativas a possibilidade de um exercício da política diferente por serem diferentes as mulheres a fazer política. Diferentes em quê e como é o que ninguém explica. O que as diferencia? O que fazem as mulheres no poder que os homens fariam diferente? A própria Maria de Belém deixa-se embalar pela onda, ao afirmar que "Muitas mulheres sentem que é chegado o momento de ter um exercício da Presidência diferente". Este apelo à identificação pelo género é o pior dos argumentos que se pode utilizar, sobretudo por haver nele um preconceito implícito que em nada abona a favor da famigerada paridade.  Mais inteligente, reconheça-se, foi Assunção Cristas, ao afastar a questão de género dizendo que preferia que isso não fosse assunto. Já Marisa Matias, apresentada em outdoors como Uma por todos, não resistiu a sublinhar a dimensão feminina da sua candidatura, embora não seja claro em que é que esta nova versão do lema dos Três Mosqueteiros pode ser diferente, por exemplo, do Por todos nós utilizado em tempos por Jorge Sampaio. Portugal é um país machista, disso não temos dúvidas. Mas por vezes fica a impressão de que são as próprias mulheres a contribuírem para isso, nomeadamente alardeando diferenças de género que ainda estão por comprovar.

4 comentários:

Anónimo disse...

"Mas por vezes fica a impressão de que são as próprias mulheres a contribuírem para isso, nomeadamente alardeando diferenças de género que ainda estão por comprovar." De acordo. E muitas tomam por machismo o que é simplesmente impulso sexual.
"Portugal é uma país machista" Se calhar não é tanto assim. Falta é dar uma definição rigorosa do que é machismo para nos entendermos.

maria disse...

exactamente!

Claudia Sousa Dias disse...

Subscrevo-te, Henrique.

hmbf disse...

Porreiro, pá.