DUPOND E DUPONT

Depois de assistir ao debate para as presidenciais que supostamente deveria ter oposto Marcelo a Vitorino, este a Cândido e Sequeira a todos, e ainda na dúvida se não terei antes assistido a um programa de entretenimento da SIC Mulher, não posso deixar de registar a minha simpatia pelo candidato Tintim de Rãs, o qual conseguiu atrair ao seu registo Dupond e Dupont os adversários, perdão, os colegas de mesa. Em suma,

Sequeira disse: Com muita pena, mas abandono o debate serenamente.

Cândido disse: Não posso deixar de concordar, mas sou um optimista.

Vitorino disse: Menina estás à janela com o teu cabelo à lua…

Marcelo disse: Bem, você dizia uma coisa com muita razão.

Cândido disse: Concordo.

Vitorino disse: Não posso deixar de concordar.

Marcelo disse: Tenho muita estima pelo que diz, mas até lhe diria mais.

Cândido disse: Claro.

Vitorino disse: Perguntei ao vento onde foi encontrar mago sopro encanto…

Cândido disse: Foi nas ondas do mar.

Marcelo disse: Eu gostaria de dizer  “A sorte é de quem a terra amou”.

Vitorino disse: Estamos em coincidência.

Cândido disse: O que muito me apraz.

Vitorino disse: Faz-me tisanas e pão-de-ló, não te levantes que fico só.

Marcelo disse: Eu aí concordo consigo um bocadinho.

Cândido disse: Eu sou a pessoa mais importante deste país.

Marcelo disse: Eu aí concordo consigo um bocadinho.

Vitorino disse: Como diz o professor, eu também.

Marcelo disse: Mas eu gostaria de pegar aqui numa ideia levantada pelo Vitorino.

Vitorino disse: Dá-me cá os teus braços teus.

Marcelo disse: Hmmmmm, tem toda a razão.

Cândido disse: Nós estamos aqui em sintonia, o que muito me apraz.

Vitorino disse: Claro.

Marcelo disse: Não podia estar mais de acordo.

E pronto, assim se passou mais uma hora na televisão portuguesa com três candidatos à presidência da República. Isso mesmo, candidatos a presidir a República. Agora vou ouvir o Sonhos de Menino do Tony Carreira, na vã esperança de que a cantar este país se levante do sono em que está.